Quem pensa que, pelo peso quase obrigatório da relação, irmãos têm que conviver feito cães e gatos, se engana. Se, para alguns, a convivência com os “Big Brothers” é um verdadeiro fardo com determinações genéticas, para outros, são eles companheiros de toda hora, acima de qualquer tipo de picuinha familiar. Amizades que ultrapassam as paredes de casa e estão sempre presente em festas, reuniões, faculdades ou até mesmo dividindo um apartamento quando mais velhos. E, para os pais, a boa notícia é que, para incentivar a relação desses irmãos-camaradas basta somente um pouco de jogo de cintura na hora de lidar com as pequenas diferenças e erros de ambos.
A famosa rivalidade que pode ser aparente na infância, na adolescência ou perdurar até a fase adulta, tem origem nos primeiros anos de vida, mais especificamente quando surge a notícia de que os dias de filho único estão contados. “As atenções tendem a se voltar para o recém-nascido e esse sentimento de perda de atenção da mãe acarreta no ciúme que pode dar origem a outros sentimentos”, explica a psicóloga Maria Goreth Kling.
De acordo com a especialista, para evitar o problema o mais importante é fazer com que os mais velhos sintam-se úteis. “Eles devem ver o irmão como um presente, um brinquedo novo”, acrescenta Maria Goreth.
Danúbia Viana, de 23 anos, conta que mantém desde cedo um ótimo relacionamento com os três irmãos. “Somos todos amigos. Saímos juntos, trocamos as roupas e conversamos sobre tudo em casa”, conta ela. “Para isso, minha mãe sempre fazia com que um vigiasse o outro. Até os dias de hoje, nos ajudamos”, diz ela. Essa espécie de responsabilidade pode mesmo ser útil para a aceitação entre as crianças, como esclarece a Dra. Goreth. “Os pais não só podem como devem solicitar a ajuda dos maiores. Quando se tem um bebê, os mais velhos têm que dar mamadeira, trocar a fralda, beijar, abraçar, apertar, etc. Bebê não é bibelô e isso faz parte da aceitação.
Desta forma, os mais velhos não irão enxergar o irmão como um rival, que chega para roubar-lhe a atenção dos pais”, explica ela.
Mas, como diz o velho ditado, família é tudo igual, só muda de endereço. Portanto, as briguinhas devem ser encaradas com normalidade, independente da idade ou sexo, sempre lembrando, entretanto, que, como para tudo nessa vida, deve-se ter limites.
“Uma vez briguei com meu irmão e minha mãe me obrigou a ficar três horas abraçada com ele, sem direito a chorar”, lembra Danúbia.
Em certa fase da infância, as brigas costumam acontecer pela disputa da mãe e, nesses casos, a arma principal das crianças é chamar a atenção. “Cada vez que a mãe se zanga com um deles, é importante suprir a carência do outro com um elogio. Caso isso não aconteça ela pode magoá-lo profundamente e é daí que surgem as famosas rixas entre irmãos”, afirma Goreth.
Enquanto os mais velhos podem ter ciúmes dos mais novos, estes tendem a se espelhar nos maiores. Por isso, é tão importante manter uma vida familiar sadia. Um irmão serve de exemplo para o outro e pode ajudar muito na construção de seu temperamento e escolhas. “Quando eu era pequena, idolatrava minha irmã. Ela era tudo o que eu queria ser”, conta Juliana Jamberci, de 24 anos. Atualmente, após se separarem por alguns anos, as duas estão morando juntas e longe dos pais, em Ribeirão Preto. Mas mesmo com o tempo e a maturidade, confessam ainda ter pequenas discussões.
“Começamos a descobrir defeitos em nossas personalidades, mas também percebemos que não vivemos uma sem a outra”, confessa Juliana.
Tendo a amizade dos irmãos é possível se sentir protegido a qualquer hora e em qualquer lugar.
“É uma amizade sincera e inseparável. Eles podem crescer, ter situações, idades e morar em lugares diferentes, mas sempre estarão interligados. Para existir essa relação harmoniosa na família não existe nenhum segredo, só depende de como a mãe vai dividir seu tempo e lidar com as crianças”, explica Goreth. Se as atitudes forem pensadas e medidas, sem dúvida os filhos colherão, com o tempo, ótimos frutos de uma amizade que não tem preço, afinal quer não quer um irmão camarada?
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