As autoridades militares de Coréia do Sul e Estados Unidos aumentaram hoje o nível de alerta a seu maior grau desde 2006 por temor a uma provocação da Coréia do Norte, entre as constantes tensões que sacodem a península.
A medida acontece depois de o regime comunista norte-coreano realizar esta semana seu segundo teste nuclear, lançar vários mísseis de curto alcance e ameaçar com um possível ataque militar contra Seul, por seu apoio a uma campanha contra o tráfico de armas de destruição em massa liderada pelos EUA.
O porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano, Won Tae-jae, disse hoje que os militares sul-coreanos e americanos reforçarão as atividades de espionagem e as operações de reconhecimento sobre a Coréia do Norte, segundo a agência local "Yonhap".
Esta é a primeira vez que as tropas dos Estados Unidos e da Coréia do Sul, de 28.500 e 665.000 militares, respectivamente, estão no nível dois de alerta - de um total de cinco - desde 2006, pouco depois do primeiro teste atômico norte-coreano. A contagem é feita de forma decrescente.
As duas Coréias vivem nos últimos dias um de seus piores momentos de tensão em várias décadas, enquanto, em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU prepara uma resolução contra o desafio de Pyongyang.
Nesta quarta-feira, a Coréia do Norte ameaçou a Coréia do Sul com um ataque militar e assinalou que não se vê mais vinculada ao armistício assinado ao término da Guerra da Coréia (1950-53).
O comando da ONU na Coréia do Sul, liderado pelos EUA, rejeitou hoje essas declarações, e afirmou que "o armistício continua em vigor e é vinculativo para todos os signatários".
A ameaça de Pyongyang foi motivada pela decisão tomada um dia antes por Seul de participar plenamente da iniciativa comandada pelos EUA contra o tráfico de armas de destruição em massa, o que poderia desembocar no registro de seus navios no Mar Ocidental (Mar Amarelo).
Isso foi considerado pelo regime stalinista como uma ruptura dos termos do armistício de 1953, que assinou junto com China e Estados Unidos, este último representando o Exército sob a bandeira das Nações Unidas.
Acreditava-se que esse armistício, que não foi assinado pela Coréia do Sul, seria temporário, até que fosse substituído por um tratado de paz, o que até o momento não aconteceu.
O teste nuclear norte-coreano da segunda-feira gerou indignação da comunidade internacional e assustou especialmente seus países vizinhos.
O Japão acredita que o Conselho de Segurança aprovará em breve uma resolução com novas e firmes sanções ao isolado regime comunista, enquanto estuda unilateralmente aplicar um veto total às exportações de seus produtos à Coréia do Norte.
A chave da resposta das Nações Unidas está nas mãos da China, principal aliado do regime norte-coreano, que expressou, no entanto, sua "firme oposição" ao teste nuclear.
Em Pequim, a presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, pediu hoje às autoridades locais que usem sua influência para deter a escalada armamentista da Coréia do Norte.
Embora a China assegure que não tem influência sobre Pyongyang, é o principal apoio do regime de Kim Jong-il, ao qual fornece alimentos, armas e grande parte do combustível usado no país.
Em Tóquio, o primeiro-ministro do Japão, Taro Aso, passou o dia ao telefone para pressionar a favor de uma resolução dura da ONU.
"As coisas se desenvolvem na linha esperada, mas não posso dizer sobre o que falei com Obama", indicou hoje Aso, que também conversou nas últimas horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula comunicou ao primeiro-ministro japonês que apoia uma nova resolução da ONU pelo segundo teste nuclear da Coréia do Norte.
Um porta-voz do Ministério de Exteriores japonês confirmou à Agência Efe que Lula conversou ontem à noite por telefone com Aso, que expressou também seu desejo de colaborar com o Brasil em tudo que for referente ao programa nuclear de Pyongyang.
Os dois governantes coincidiram em expressar sua preocupação com este novo teste nuclear e o consideraram um desafio à comunidade internacional.
Aso agradeceu a rápida reação do Governo Lula na segunda-feira passada, quando o Brasília condenou em comunicado o segundo teste nuclear anunciado pelo regime comunista, depois do realizado em 2006, que gerou sanções internacionais.