Nas últimas décadas, tem sido crescente o espaço dado ao tema “responsabilidade social empresarial”. Nada prevê, porém, o aspecto da responsabilidade do grupo de pessoas físicas que assumem papéis no Primeiro Setor a fim de governar uma cidade, Estado, país ou apenas um órgão público. Além dos deveres intrínsecos ao cargo de governante, não há discussão acerca da bandalheira desses órgãos.
Assim sendo, proponho, a título de sugestão (como cidadão, eleitor e contribuinte), a criação do “Código de Ética do Governante Público” ou, resumidamente, a “responsabilidade governamental”. Contanto que esta seja redigida por nós – não por eles!
Entre tantas ações que poderíamos eleger a fim de tornar uma administração mais eficaz, listo algumas preliminares:
· Economia de recursos e utilização das verbas indenizatórias que só sejam usadas a serviço do governo, com fins e interesses públicos (desenhando: não utilizar cartões corporativos para pagamento de despesas pessoais);
· Utilização de materiais que não permeiem o meio ambiente e que sejam compatíveis com os de uso no mercado corporativo (desenhando: não comprar laptops que custem R$ 20 mil);
· Correta destinação de resíduos e economia de energia em órgãos públicos (desenhando: se uma empresa é multada pela destinação incorreta de resíduos, o que diremos do descaso com os aterros sanitários espalhados pelo Brasil?);
· Promessas de campanha não cumpridas receberão multa, suspensão ou até perda de direitos políticos (precisa desenhar?);
· Não apadrinhamento, extinção do nepotismo e tratamento de funcionários como celetistas – inclusive na formação dos profissionais (não dá para um país progredir com uma máquina administrativa ineficiente, despreparada e, pior, com “funcionários-cabide”);
· Seleção, triagem, acompanhamento e fiscalização do dinheiro investido em programas sociais (aqui dá uma história em quadrinhos: “Gato Billy e seu Bolsa Família”).
Resta-nos levantar essa bandeira e cobrar de nossos representantes uma posição mais ética e que, no mínimo, não nos envergonhem construindo, com recursos que deveriam ir à educação e à saúde, castelos com 36 suítes enquanto os 50 milhões de miseráveis brasileiros não têm um pão para matar a fome.
* Marcio Zeppelini, graduado em produção editorial pela Universidade Anhembi Morumbi, é consultor em responsabilidade social e comunicação e marketing para o Terceiro Setor, diretor executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação e editor da Revista Filantropia.