Os destroços do Airbus da Air France que caiu no Atlântico quando seguia do Rio para Paris, com 228 pessoas a bordo, indicam que o avião sofreu uma queda repentina, mas não há vestígios de uma explosão em pleno vôo, afirmam especialistas.
O Airbus A330 caiu no mar na noite do dia 31 de maio e as causas do acidente permanecem um mistério. As autoridades militares brasileiras exibiram na sexta-feira, em um hangar da base aérea de Recife, dezenas de fragmentos recuperados no mar pela Marinha.
Segundo o ex-piloto Ari Germano, autor de um livro sobre acidentes aéreos, as fotos dos destroços parecem indicar que os passageiros do Airbus foram pegos de surpresa e que a tragédia ocorreu tão rapidamente que a tripulação não teve tempo de reagir. "Vi a divisória situada entre a seção onde a tripulação prepara a comida e o compartimento dos passageiros. Havia assentos ali. O curioso é que estes assentos duplos, usados pela tripulação, estavam recolhidos (...) o que sugere que a tripulação circulava pelos corredores (quando ocorreu o acidente), afirmou. "No caso de sinal de alerta ou iminência de risco, a tripulação estaria sentada e atada a seus assentos. Eles não tiveram tempo de fazer nada".
O comandante Ronaldo Jenkins, consultor de segurança da União de Empresas Aéreas, disse que não viu qualquer colete salva-vidas e destacou que as partes do revestimento interno e externo do avião não apresentam sinais de fogo ou fumaça. "Os primeiros 37 fragmentos recuperados reforçam a tese de que o Airbus não explodiu antes de cair (...): nenhuma das peças mostra sinais" de fogo ou fumaça.
O acidente
O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo (31), às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).
De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.
Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.
A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília).
Desde a manhã do último sábado, foram localizados 44 corpos próximos ao local onde a aeronave emitiu as últimas notificações. Mais seis corpos foram resgatados nesta sexta pela Marinha francesa e serão contabilizados quando forem transferidos a uma embarcação brasileira. As vítimas são levadas até Fernando de Noronha por embarcações da Marinha.