Os senadores da base do governo no Senado boicotaram a sessão que iria eleger o presidente do Conselho de Ética da Casa para que o colegiado começasse a funcionar e analise os 3 pedidos de processo disciplinar contra o presidente José Sarney (PMDB-AP). A oposição disse que sem a instalação do Conselho de Ética não há votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. A LDO é debatida no Plenário do Congresso Nacional e só com a aprovação dela é possível dar início ao recesso parlamentar, que teria início no sábado.
A manobra repetiu o esvaziamento adotado pelos governistas na época de instalação da CPI da Petrobras. Só depois de muita negociação e brigas, a comissão de inquérito teve presidente e relator escolhidos nesta terça-feira.
No Conselho de Ética, o PMDB não se entende sobre a indicação do presidente do colegiado. O governo apresentou o nome do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), mas a vaga é reivindicada pelo alagoano Almeida Lima (PMDB-AL). A intenção do PMDB é ter um aliado dos mais fiéis para defender Sarney. O presidente do colegiado tem o poder de arquivar representações por quebra de decoro.
"O que foi feito aqui é uma vergonha. Enquanto o presidente do Senado for o Sarney, não há ética no Senado", afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), reclamando do adiamento da escolha do presidente do Conselho.
O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), devolveu a ameaça da oposição em não votar a LDO. "Não existia isso. O acordo era votar a LDO após a instalação da CPI da Petrobras. Agora, então, só há Conselho de Ética quando a Lei de Diretrizes Orçamentárias for aprovada", disse Mercadante.
Pelo regimento do Senado, depois de eleitos pelo Plenário os novos integrantes do Conselho de Ética, o que ocorreu na tarde desta terça-feira, o senador mais velho preside a reunião destinada à eleição do presidente do conselho. O mais idoso é o senador Paulo Duque (PMDB-RJ), mas ele não compareceu à reunião. Estava presente o segundo mais velho, senador Eliseu Resende (DEM-MG), mas não houve quórum para a escolha.