O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, enviou na terça-feira uma carta aos funcionários da estatal após a instalação da CPI que investigará supostas irregularidades na Petrobras e na Agência Nacional do Petróleo (ANP), incluindo eventuais fraudes em licitações para a construção de plataformas, superfaturamento nas obras da Refinaria Abreu e Lima ou desvio de royalties do petróleo. Segundo Gabrielli, "a Petrobras é maior que a crise".
"Como todos sabemos, este é um momento delicado para a companhia. Talvez, a sua maior crise", afirmou. "Mas a Petrobras é maior que a crise. A CPI vai passar, a companhia vai sair dela muito mais fortalecida e continuar como orgulho do Brasil e dos brasileiros."
Gabrielli ressaltou que ele e toda a diretoria da empresa prestarão todos os esclarecimentos possíveis e que tentarão demonstrar "a correção das medidas adotadas pela Petrobras diante das denúncias, sua colaboração com a PF e com o Ministério Público Federal (MPF) para a apresentação da denúncia criminal contra os envolvidos e a adoção das medidas internas que resultaram em medidas disciplinares, entre elas, a demissão por justa causa de três empregados".
Sobre as denúncias de irregularidades na revisão do contrato das plataformas P-52 e P-54, o presidente da empresa afirmou que esta foi necessária para estabelecer o equilíbrio econômico-financeiro.
"Sobre as supostas irregularidades quanto a utilização de royalties, vamos esclarecer que a Petrobras não possui qualquer ingerência na utilização destes recursos", afirmou ainda Gabrielli.
Ele afirmou ainda que, sobre o suposto beneficiamento de prefeituras e ONGs, a seleção tem critérios objetivos e impessoais e isso foi atestado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Antes mesmo de ser criada, a CPI para investigar a Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foi motivo de uma longa e acirrada queda-de-braço no plenário da Casa.
Presidindo a sessão do dia 14 de maio, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) se recusou a fazer a leitura do requerimento de instalação da CPI no Plenário. O pedido de instalação do requerimento n° 569 de 2009, do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), em meados daquele mês, teria quebrado um acordo de líderes pelo arquivamento do pedido. A reunião aconteceu sem nenhum tucano, já que o PSDB não enviou representantes.
A disputa provocou um racha entre o DEM e o PSDB na Casa Legislativa. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que Fortes "manchou sua biografia" ao não ler o requerimento da CPI. A segunda-vice presidente do Senado, Serys Slhessarenko (PT-MT), foi chamada para encerrar a sessão. Membros do PSDB invadiram a mesa diretora e deram prosseguimento à sessão. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou "quero ver quem me tira daqui". Os microfones foram cortados.
No dia seguinte, o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), autorizou a leitura do requerimento. Estava criada, na prática, a CPI da Petrobras.
Desde então, membros da bancada governista tem boicotado o início dos trabalhos da CPI mantendo quorum abaixo do mínimo. Membros da oposição chegaram a sugerir que as sucessivas denúncias de irregularidades administrativas e a consequente desmoralização da Casa vai ao encontro do interesse do governo em não dar prosseguimento às investigações.