Diálogos gravados pela Polícia Federal no âmbito da investigação da Operação Boi Barrica apontam para uma suposta interferência do empresário Fernando Sarney em indicações e negócios realizados pela Eletrobrás. A estatal que atua no setor elétrico é comandada por aliados do pai de Fernando, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Fernando foi indiciado na quarta-feira por formação de quadrilha, criação de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Somadas, as penas para esses crimes podem chegar a 22 anos de prisão. O indiciamento é um desdobramento da Operação Boi Barrica, que começou há dois anos e investiga transações financeiras ilegais, como prática de caixa dois às vésperas das eleições de 2006. À época, a irmã de Fernando, Roseana Sarney, era candidata ao governo do Estado.
Uma das conversas mostraria Fernando negociando a indicação para um cargo na diretoria financeira da Eletrobrás. O interlocutor é identificado pela PF como Jorge ou Vitinho e cita o nome do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também teria defendido o nome da mesma pessoa para a função na Eletrobrás, segundo a Folha.
Teixeira afirmou que seu nome foi usado indevidamente e que nunca pediu cargo em estatais ou órgãos do governo. Ontem, o advogado Eduardo Ferrão, que defende Fernando Sarney, divulgou nota dizendo que as acusações contra o seu cliente "não procedem". Ele afirmou que as investigações se deram de forma unilateral e que Fernando só teve acesso a elas após determinação judicial.
Segundo o jornal, o inquérito da PF aponta, a partir da análise dos diálogos interceptados, para a prática de crimes como advocacia administrativa, tráfico de influência, fraude a licitação, falsidade ideológica, falsidade documental e crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e contra a ordem tributária.