A empresa KKW do Brasil, representante de uma "offshore" (firma no exterior) com sede em paraíso fiscal, foi a principal fonte de recursos da Fundação José Sarney em 2007 e, no ano seguinte, recebeu do governo federal autorização para busca por jazidas minerais. As licenças foram dadas por órgão do Ministério de Minas e Energia, pasta controlada por aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), segundo informou nesta terça-feira o jornal Folha de S.Paulo.
Entre as atividades desenvolvidas pela empresa descritas no cadastro da KKW na Receita Federal não consta a de mineração. Mesmo assim, a ela recebeu 43 alvarás de pesquisa de bauxita e manganês em Mato Grosso e no Maranhão, de acordo com o jornal.
A KKW teria como sócio oculto o ex-senador Gilberto Miranda (do antigo PFL), de quem Sarney foi padrinho de casamento em 2007. Os telefones e endereços da empresa são os do escritório e da casa de Miranda, em São Paulo. Segundo a Folha, o ex-senador não foi localizado ontem para comentar o caso.
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), vinculado ao ministério, responsável pela concessão das licenças, disse que não há impedimento para concessão de alvará a empresa que não tenha sede e seja representante no Brasil de "offshores". O órgão diz ainda que os 43 alvarás concedidos à KKW foram cedidos legalmente a outra empresa.