Irritado com petistas que se recusam a votar contra o presidente do Senado, Jose Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética, o líder do PT, Aloísio Mercadante (SP), disse nesta terça-feira que colocou seu cargo de liderança à disposição do partido. O problema se deu porque os senadores petistas com direito a voto no Conselho - os suplentes do colegiado Ideli Salvati (SC) e Delcídio Amaral (MS) - disseram que não se sentiam a vontade para votar a favor do desarquivamento de pelo menos um processo contra Sarney.
Ideli e Delcídio defendiam que, idependente de como fosse o voto, contrário ou a favor de Sarney, a decisão deveria ser de todo o partido, como também afirma Mercadante. Diante disso, a base aliada começou a buscar saídas. Uma delas é permitir que uma das suplências do partido fosse ocupada por algum senador da base de apoio, mais especificamente pelo senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) ou pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Com isso o problema estaria resolvido, já que os dois senadores votariam a favor do presidente Sarney. Porém, Mercadante não concorda com o procedimento e, por esta razão, colocou seu cargo a disposição. "Eu me recuso a fazer esse tipo de coisa. Se for para fazer, terá que ser com outro líder e eu coloco meu cargo a disposição", disse o líder.
Sarney é acusado de cometer uma série de irregularidades na administração do Senado, como empregar pessoas ligadas à sua família e desviar dinheiro público por uma fundação que leva o seu nome. Onze pedidos para investigar as denúncias contra ele foram apresentados no Conselho de Ética do Senado, mas todos foram arquivados pelo presidente do órgão e aliado de Sarney, Paulo Duque (PMDB-RJ). Partidos da oposição recorreram dos arquivamentos. Os recursos serão julgados amanhã.
