Marilene Pereira de Souza, ex-sogra da adolescente Ana Cristina de Macedo, 17 anos, morta por uma bala perdida durante uma operação de guardas municipais de São Caetano do Sul, disse na manhã desta quarta-feira que a família está revoltada e que ainda não acredita na versão dada pela Guarda Civil Metropolitana para a morte da jovem. A mãe de Bruno, com quem a adolescente era casada e tinha um filho de 1 ano e 8 meses, esteve no velório realizado dentro da comunidade de Heliópolis, na zona sul de São Paulo.
Ana Cristina voltava da escola na noite de segunda-feira quando foi atingida por um tiro no pescoço. A adolescente chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. O velório ocorreu na Comunidade Evangélica Jerusalém, ao lado do 95º Distrito Policial e o corpo da garota foi enterrado, às 12h20, no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, zona leste da capital.
Segundo a sogra de Ana, a versão apresentada pela GCM não bate com o que ela ouviu de vizinhos que teriam presenciado a ação. "O vizinho não mente. Por que vai mentir? O que soube é que os guardas perseguiam o carro e se envolveram em um acidente com um terceiro veículo. O carro em fuga também foi atingido. Assustados, os guardas já desceram do carro atirando", conta.
Marilene questiona a ação da GCM afirmando que o roubo de um veículo não seria motivo para uma reação desse tipo. "É muito difícil para a família aceitar o que aconteceu. Uma pessoa fardada não pode sair atirando. Não dá para matar ou ferir inocentes somente porque usam uniforme", aponta.
"A família está revoltada com o que aconteceu, mas nesse momento é difícil se manifestar", disse a porta-voz da família. "Estamos ainda se perguntando: será que aconteceu mesmo? Ainda tentamos acreditar que é ela mesma (no funeral)", conta.
A caixão branco com o corpo da jovem deixou o velório por volta das 11h15 e as cerca de 300 pessoas que estavam no local pediram, em coro, por "justiça". A cerimônia, que começou ainda na noite de terça, ocorreu a poucos metros de onde moradores da comunidade queimaram veículos em protesto contra a ação dos guardas na noite anterior.