Termina nesta sexta-feira o prazo estipulado pelo governo brasileiro para que as empresas Boeing, Dassault e Saab façam a apresentação de suas propostas de venda de aeronaves caça para a Força Aérea Brasileira (FAB). A data final para os fabricantes dos Estados Unidos, França e Suécia estava originalmente agendada para o dia 21 de setembro, mas foi adiada a pedido das companhias concorrentes.
O processo de venda de 36 novos caças para o Brasil, apesar de as empresas evitarem falar em valores, deve mobilizar um montante de cerca de 4 bilhões de euros. O Brasil, que no dia 7 de setembro anunciou a decisão política de estreitar as negociações para adquirir os caças franceses Rafale, tem sido pressionado também pela sueca Saab, que chegou a oferecer dois caças Gripen ao preço de um.
Os custos são apontados como um fator negativo ao pleito francês caso o governo brasileiro escolha os aviões modelo Rafale. O almirante Edouard Guillaud, chefe do gabinete militar do governo Nicolas Sarkozy, já reconheceu haver "problemas de preço" em relação à proposta da França. Um acidente com dois Rafales no Mar Mediterrâneo, em plenas negociações sobre os caças, também arranhou a imagem dos aviões e levou os franceses a apresentarem ao governo brasileiro informações sobre o incidente e atestar a segurança das aeronaves negociadas.
A principal demanda do Brasil para escolher o vencedor entre os três finalistas está na possibilidade de transferência de tecnologia e na chance de empresas brasileiras poderem fabricar as novas aeronaves e as exportar.
A Saab chegou a listar parte da fuselagem, o trem de pouso e radares como componentes que, caso vitoriosa, dividiria o conhecimento de fabricação com o Brasil. Em reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, representantes do governo francês, por sua vez, se comprometeram com a transferência de tecnologia "completa, sem restrição e sem limite".
Em prol da Boeing contam argumentos como a possível superioridade técnica do FA-18 Hornet, além da disposição da empresa americana de desenvolver com a Embraer o cargueiro militar KC-390, a ser vendido para a FAB. A fabricante dos caças não garantiria, no entanto, uma ampla transferência de tecnologia, vetando potenciais transações brasileiras com países não alinhados aos Estados Unidos.