A Associação Internacional de Radiodifusão (AIR) aprovou na quinta-feira, dia 1º de outubro, uma resolução de repúdio contra a "censura judicial" imposta desde 1º de agosto ao jornal O Estado de S.Paulo. Ao final de Assembleia Geral, realizada em Brasília, a Associação disse repudiar "a decisão judicial que proíbe o jornal e, consequentemente, aos demais meios de comunicação, informar à sociedade" sobre um caso de suposta corrupção que envolve Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
A sanção que o jornal qualifica de censura foi imposta pelo desembargador Dácio Vieira e impede que o jornal informe sobre a Operação Boi Barrica, que investiga o empresário Fernando Sarney. O Estadão publicou uma gravação na qual a neta do presidente do Senado pede emprego para o namorado na Casa. O gravação foi feita pela PF e estava sob sigilo.
Posteriormente, o jornal divulgou que o desembargador Dácio Vieira, que concedeu a liminar impedindo a publicação, é "estreitamente vinculado" à família Sarney. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) afastou o Vieira do caso, mas também ratificou a decisão que impede o jornal paulista de informar sobre as supostas irregularidades nas quais Fernando Sarney estaria envolvido.
Conforme o documento aprovado pela AIR, a decisão judicial, adotada por um magistrado "posteriormente separado do caso por suspeitas", constitui "uma verdadeira censura encoberta" contra a Constituição brasileira. Diante do que considerou como uma "evidente afronta ao direito à informação e à liberdade de expressão", a AIR expressou sua "confiança nas instâncias superiores do Poder Judiciário brasileiro, que seguramente reformarão a decisão em questão".
A Associação é formada por cerca de 17 mil emissoras de rádio e televisão de América, Ásia e Europa.