A despeito da pressão dos empresários, que fizeram um apelo pessoal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por um corte na taxa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira, manter os juros básicos da economia brasileira, ou Selic, em 26,5 por cento ao ano, sem viés.
Mais uma vez, o Copom alegou que a queda na inflação ainda não é expressiva o suficiente para provocar um recuo na Selic.
"Há sinais de que a política monetária começa a obter resultados no combate à inflação", informou o comitê ao divulgar sua decisão.
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"O Copom avalia que a consolidação da queda da inflação depende da manutenção desse esforço. Diante disso, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 26,5 por cento ao no, sem viés", concluiu.
A ata da reunião do Copom será conhecida na próxima semana.
A decisão vai contra também os anseios do mercado, mas já era esperada por investidores e analistas brasileiros.
No começo desta semana, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sugeriu que o mercado tinha que ser mais "paciente" em relação aos juros.
Na manhã desta quarta-feira, uma equipe peso-pesado de empresários, entre os quais Lázaro Brandão (Bradesco), Antônio Ermírio de Moraes (Grupo Votorantim), Emílio Odebrecht (Grupo Odebrecht), Alain Belda (Vale do Rio Doce) e Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), fizeram uma visita a Lula no Palácio do Planalto.
Os empresários, que se reuniram com o presidente para discutir as reformas da Previdência e Tributária, aproveitaram para dizer a Lula que a manutenção dos juros em 26,5 por cento ao ano é um obstáculo ao crescimento da economia.
O vice-presidente da República, José Alencar, também se pronunciou publicamente contra o nível atual da Selic.
Em discurso a prefeitos do interior do estado de Minas Gerais, na noite de terça-feira, Alencar, que é empresário – seu grupo, o Coteminas, é a maior indústria têxtil do país -, disse que o governo federal devia "pedir desculpas" aos milhões de brasileiros que o elegeram.
"Um terço de toda a arrecadação nacional no primeiro trimestre foi para juros", disse.
Na reunião do mês passado, encerrada em 23 de abril, o Copom manteve a Selic em 26,5 por cento, sem viés, também porque a inflação estava caindo menos do que o esperado, apesar do cenário favorável, como a desvalorização contínua do dólar.
A Selic foi alterada pela última vez em fevereiro, quando subiu de 25,5 por cento para 26,5 por cento ao ano.
Em março, a taxa foi mantida no mesmo patamar, mas com viés de alta.
Em janeiro, na primeira reunião do Copom no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, os juros sofreram uma alta de meio ponto percentual em relação a dezembro de 2002, passando para 25,5 por cento.
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