Jornais de diversas partes do mundo repercutiram o apagão que atingiu parte do Brasil entre a noite de terça-feira e a madrugada de quarta-feira. Alguns periódicos, com o norte-americano Chicago Tribune e o britânco The Times, enfatizaram o fato de o Rio de Janeiro ser a sede da Olimpíada de 2016, levantando dúvidas sobre a capacidade de o Brasil sediar os Jogos. O Times foi mais além e lembrou que, poucos dias antes do apagão, um programa de TV norte-americano afirmou que dois incidentes parecidos ocorridos recentemente no Brasil - no RJ, em 2005; e no ES, em 2007 - teriam sido causados por hackers, informação que já tinha sido negada pelo governo brasileiro. De forma mais branda, a rede de comunicação japonesa NHK, a norte-americana CNN e a britânica BBC, entre diversos outros veículos de grande porte da mídia mundial, também destacaram o apagão.
O jornal de Chicago - uma das cidades que concorreram com o Rio para sediar os Jogos - destacou em sua manchete: "Brasil volta a ter luz depois que blecaute atingiu 60 milhões, aumentando preocupações sobre a Olimpíada 2016". A reportagem fala em preocupações da população brasileira a respeito de a ocorrência representar "mais uma mancha na imagem do País que sediará os Jogos Olímpicos". O texto também cita supostos casos de assaltantes que "aproveitaram-se da escuridão para praticar roubos em massa à população, próximo ao Estádio do Maracanã, que sediará as cerimônias de abertura e encerramento".
Outros jornais internacionais praticamente se limitaram aos fatos relacionados diretamente ao problema técnico, citando com frequência a Hidrelétrica de Itaipu. O site do New York Times informava quarta-feira que a energia elétrica já havia sido restabelecida pela manhã no Brasil, lembrando que o Paraguai também fora afetado, de forma mais branda. A notícia no website do NYT foi colocada logo abaixo de uma reportagem sobre a escassez de energia que atinge atualmente a Venezuela.
Ja os sites do Washington Post e da TV japonesa NHK destacaram a notícia junto a vídeos exibidos online. A reportagem do Post exibia imagens de pessoas à luz de velas no Rio e em são Paulo, além de uma entrevista coletiva do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, concedida na noite de terça-feira. A NHK mostrou imagens congeladas das ruas do Rio e de São Paulo às escuras, enquanto um locutor citava o fechamento dos principais aeroportos das duas cidades, lembrando também da paralisação das atividades em Itaipu. A BBC de Londres destacou, no título de sua matéria sobre o caso, o "Mistério sobre o corte de energia no Brasil", especulando sobre as possíveis causas do apagão, e também apresentou um vídeo sobre o incidente.
Times
O britânico The Times, em sua edição online, também lembra que o Rio, "a cidade mais afetada" pelo apagão, sediará a Copa de 2014 e a Olimpíada 2016. A publicação recorda ainda que o incidente ocorrido na noite de terça-feira afetou principalmente a Região Sudeste, dois dias depois que o programa de televisão norte-americano 60 Minutes exibiu uma reportagem afirmando que dois apagões no Brasil, que afetaram o Rio em 2005, e o Espírito Santo em 2007, "teriam sido causados por hackers cibernéticos".
No Paraguai, onde o blecaute não chegou a durar 30 minutos, os jornais deram pouco destaque ao incidente. O site ABC Digital era o único a falar em "sabotagem", mas informava que o governo havia descartado totalmente a hipótese. Na Argentina, o diário Clarín enfatizou os problemas que o apagão causou no trânsito das grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. O caso também repercutiu nos periódicos da Venezuela, país que sofre com a escassez de energia elétrica, fato que levou o presidente Hugo Chávez a fazer críticas à elite do país, que, segundo ele, consome energia elétrica em excesso.