O apagão da noite dessa terça-feira afetou as atividades de grandes siderúrgicas brasileiras, como a Companhia Siderúrgica Nacional (SN) e Usiminas, prejudicando sua produção. Restaurantes também foram afetados: em oito bairros, as perdas foram de 75% dos estoques de alimentos perecíveis, segundo pesquisa realizada pelo Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), além dos prejuízos com máquinas e equipamentos.
A CSN informou que desligou equipamentos secundários e reduziu a produção de seus principais equipamentos da usina de Volta Redonda - como alto-forno e linhas de laminação - por conta da interrupção no fornecimento de energia. De acordo com a siderúrgica, ainda não foi possível mensurar as perdas com as paradas ou redução do ritmo de produção.
Por sua vez, a Usiminas informou em nota que a usina de Cubatão (Cosipa) ficou sem energia elétrica por aproximadamente duas horas, afetando principalmente o setor de aciaria. Já a usina de Ipatinga (MG) opera normalmente, após os equipamentos sofrerem variações de frequência e tensão.
De acordo com o presidente do SindRio, Alexandre Sampaio, os empresários não pretendem buscar a esfera judicial para obter compensação pelos prejuízos. "Provar a culpa pelo apagão é um processo demorado e as ações seriam julgadas em foro privilegiado, tornando-as ainda mais custosas. Mesmo que o setor tenha ficado parado por um dia, não valeria a pena", disse Sampaio, em nota.
O País precisa de investimentos no setor elétrico para não ficar refém de acidentes, avalia o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Pires disse que o país precisa modernizar a gestão das linhas de transmissão, principalmente as de longa distância como as de Itaipu, para que no momento de um acidente o problema seja equacionado antes de afetar tantas cidades.
"As linhas de transmissão muito longas no Brasil são muito mal administradas. Em 1999 houve um evento igual ao de terça-feira, na época falaram de raio, vamos ver o que vão falar agora", disse Pires.
Ele lembrou que - com a retomada da economia e o aumento de temperatura, "com reportagens mostrando que já está faltando ar condicionado para vender" - a sobrecarga pode ter causado algum problema técnico.