Em almoço nesta terça-feira, as cúpulas de PSDB, DEM e PPS traçaram um conjunto de estratégias para aplacar o avanço do governo com relação à escolha do candidato ás eleições presidenciais de 2010. Nenhuma delas, porém, passa pela escolha do nome que disputará o mandato presidencial com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
"Já que ainda não há candidato, vamos tocar as dificuldades que pudermos superar", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), presente à reunião.
Enquanto o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), resiste em anunciar sua candidatura até o final do ano, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), pressiona para que a decisão saia em dezembro. Os dois disputam a indicação do partido à sucessão e não dão sinais de recuo.
O primeiro é líder nas pesquisas de intenção de voto, mas vem caindo nos últimos meses. O segundo, em ascensão lenta nas sondagens, pisa no acelerador e cobra um desfecho.
O encontro desta tarde ocorreu em um dos principais redutos políticos da capital ¿ o restaurante Piantella. Ele foi agendado pelos presidentes dos dois partidos, além do PPS, para mostrar unidade, só conquistada na tarde desta terça-feira porque ambos acertaram previamente não tratar de prazos e de crise neste momento.
"Fizemos o compromisso de andar para frente", disse o senador Sérgio Guerra (PE), presidente tucano. O encontro ocorre apenas um dia depois da divulgação da pesquisa CNT/Sensus, que mostra o avanço de outros pré-candidatos, incluindo Dilma Rousseff, em detrimento de Serra. Uma das razões, segundo os analistas do levantamento, seria justamente seu silêncio sobre sua candidatura.
Estratégia
Foram definidas pelo menos três estratégias de ação: realizar reuniões semanais das cúpulas oposicionistas para acertar os ponteiros antes que ele se rompam; endurecer as obstruções a projetos do governo no Congresso e unificar o quanto possível as estruturas de internet para fazer uma campanha ativa na rede virtual.
O PT contratou para o ano que vem um dos gurus da campanha do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na internet, o americano Ben Self. Além dos dirigentes, estiveram no almoço líderes dos dois partidos na Câmara e no Senado e outros oposicionistas.
Do lado do DEM, compareceu justamente a ala do partido que vem reclamando da indefinição do PSDB. O grupo é capitaneado pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal dirigente da legenda, que criticou publicamente José Serra e expôs a crise interna.
"A oposição não vai ficar paralisada nem vai deixar de agir porque não definiu ainda seu candidato", garantiu Sérgio Guerra, para quem a definição de 90% dos palanques estaduais não dependem do candidato.
No encontro, a oposição avaliou que a campanha do ano que vem será muito cara e mostrou preocupação com o potencial de arrecadação do PT na figura de João Vaccari Neto, o futuro tesoureiro do partido. "Foi uma fotografia de união. É o máximo que dá para fazer", sintetizou Apripino Maia.