O clima esquentou nesta terça-feira durante sessão conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE), Assuntos Sociais (CAS) e Constituição e Justiça (CCJ) para tratar do projeto que cria o vale-cultura e institui o Programa de Cultura do Trabalhador. A discussão ocorreu por causa de um folder que circula pelo Congresso Nacional no qual se incentiva a população a votar nos parlamentares que são a favor do vale-cultura e faz uma lista com os nomes daqueles que votaram a favor da matéria. "Vota Cultura: apoie o parlamentar do seu estado que vota pela cultura", diz o panfleto seguido de diversos nomes de deputados de diferentes legendas. O ministro da cultura Juca Ferreira, que participava da sessão, foi instado imediatamente a prestar esclarecimentos sobre o folder.
Irritado com a peça publicitária, que conta com a logomarca do Ministério da Cultura, da Câmara dos Deputados e da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que vai recorrer ao Ministério Público (MP) contra o Ministério da Cultura e contra os deputados, muitos da legenda de Demóstenes, o DEM, que aparecem no panfleto.
"Vou pedir uma investigação. Vou representá-lo (o ministro da cultura). Maniqueísmo não cai bem com a democracia, nem com a cultura. Vocês têm que ser todos multados, processados por improbidade. Inclusive do meu partido. Fizeram propaganda eleitoral com dinheiro público. Isso não pode acontecer, é desrespeito, é ultraje", disse.
O ministro se defendeu e afirmou que o folder não recebeu verba da pasta da Cultura para ser produzido. O ministro disse ainda que o governo não poderia ser acusado já que a peça conta com os nomes de deputados de diversos partidos, entre eles, o presidente do DEM deputado Rodrigo Maia (RJ).
"Não tem um tostão do ministério. Esse folder foi feito a partir da frente parlamentar pelo Dia Nacional da Cultura, comemorado na Câmara. Não é partidário, tem nomes de todos os partidos", disse.
O líder do PT Aloizio Mercadante (SP) entrou no bate-boca e disse que a oposição só estava tão irritada com o tema vale-cultura por causa da estreia do filme sobre a vida do presidente Lula, que estréia ano que vem. "O que está em jogo aqui não é o folder, mas o filme da vida do presidente Lula", disse.
"A oposição está obstruindo, querendo criar constrangimento, nós sabemos como se faz quando o que se quer é protelar um assunto", afirmou.
