O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse na quinta-feira, 26, em Manaus (AM), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em resposta a uma carta que havia sido enviada a ele pelo líder americano no domingo. Amorim, entretanto, não quis divulgar informações sobre o conteúdo da mensagem de Lula, argumentando que trata-se de correspondência diplomática e, por isso, deve ser mantida "reservada".
O chanceler também afirmou que passou na quinta-feira "mais de uma hora" conversando por telefone com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Novamente, ele não entrou em detalhes. "Isso que é importante, um diálogo constante sobre todos os temas. O presidente Lula respondeu à carta enviada pelo presidente Obama e eu conversei por mais de uma hora com a secretária de Estado", disse.
Garcia "decepcionado"
O conteúdo exato da carta enviada por Obama não foi divulgado, mas segundo versões divulgadas na imprensa, nela o líder americano reitera a posição americana em relação ao golpe em Honduras. O governo dos Estados Unidos defende que o reconhecimento do resultado das eleições presidenciais em Honduras pode ajudar a colocar um fim à crise política que se instalou no país desde a deposição de Zelaya, em 28 de junho.
O Brasil, por sua vez, insiste que não irá reconhecer o vencedor do pleito, porque interpreta que isso será o mesmo que reconhecer o que considerou ter sido um golpe de Estado no país centro-americano.
Em outro trecho da carta, Obama teria solicitado a Lula que comunicasse ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad - que esteve em Brasília na segunda-feira - as preocupações americanas quanto ao programa nuclear iraniano e pedisse a Ahmadinejad que cumprisse suas obrigações internacionais.
O americano também teria abordado na mensagem pelo menos dois outros temas: a reunião sobre mudanças climáticas da ONU, que será realizada na Dinamarca no mês que vem, e as negociações da Rodada Doha para liberalização do comércio global.
O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, primeiramente reagiu à carta dizendo que a posição de Washington em relação a Honduras estava "equivocada" e que havia "um sabor de decepção" do Brasil em relação à posição defendida pelo governo Obama. Depois, na quarta-feira, o general americano James Jones, assessor de segurança de Obama, teve uma conversa telefônica com Marco Aurélio Garcia, em que falaram sobre o teor da carta de Obama.
Nesta quinta-feira, em Manaus, tanto Garcia quanto o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, procuraram minimizar a visão de que Estados Unidos e Brasil estejam vivendo um momento de confronto.