A possibilidade de comprar uma revista adulta com o vale cultura, proposto pelo governo federal, levantou a discussão sobre cultura e pornografia no Brasil, segundo afirma ao jornal El País.
Com o vale, o trabalhador poderia ir ao cinema, teatro, concertos e comprar revistas pornôs, segundo defende o senador petista Augusto Botelho. "Revistas e jornais também são material cultural. E se vocês pensarem bem, a pornografia também é cultura", disse ele ao justificar sua emenda que autorizaria a compra de revistas adultas no projeto.
Segundo o El País, em várias cidades pequenas do Brasil não existem livrarias, apenas bancas de jornais e revistas, onde "nunca faltam os artigos pornográficos". O ministério da Cultura chegou a cogitar a classificação do material que poderia ser ou não comprado com o vale, mas deixou a discussão de lado, em virtude da complexidade de tal tarefa.
Já a Associação Nacional de Editores de Revistas diz que 3%, das mais de 4 mil publicações, não poderiam ser consideradas culturais. Para os editores, a leitura de revistas é o primeiro passo para criar interesse nos livros.
O vale de R$ 50 deverá ser pago pelas empresas aos trabalhadores, que por sua vez, arcarão com 10% do valor. Para o proletário brasileiro, quantia é muito significante, segundo diz o periódico espanhol.
Ao fim, o jornal afirma que após o Bolsa Família - que atende 12 milhões de pessoas - e o Vale Cultura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda a criação do Bolsa Telefone "para que nenhum pobre fique sem telefone celular", na reta final de seu mandato, no qual a popularidade chega a 83%, segundo mostram as pesquisas.