Um vídeo entregue por um ex-voluntário da Igreja Universal ao Ministério Público (MP) de São Paulo mostra bispos da cúpula da entidade ao combinar uma forma de pregar para obter dízimos dos fiéis durante a crise econômica de 2008. As imagens mostram duas reuniões, coordenadas pelo bispo Romualdo Panceiro, considerado o nome mais importante da igreja e apontado por Edir Macedo como seu sucessor no comando da Universal. As informações são do jornal Folha de S.Paulo. Segundo a reportagem, o Panceiro diz que os bispos devem perguntar aos fiéis se eles acreditam mais na crise ou na igreja. "Porque se você crê na crise, então você vai guardar para ela, ela vai pegar o que você tem. Sem que você saiba, quando você acordar, já era. Mas se você crê em Deus, você vai pegar o que a crise pode pegar e você vai colocar onde? ... Vai 'semear' no altar!", diz o bispo, de acordo com o jornal.
A reportagem afirma que, em vídeo de outra reunião, uma fala de um bispo dá a entender que a Igreja Universal deveria fazer contratos com criminosos para evitar assaltos, como o que ocorreu com um carro-forte com R$ 52 mil da instituição, que os religiosos atribuem a policiais. "Nosso problema não é bandido, o nosso problema é polícia. Você não pode falar isso para ninguém. ... A não ser que, no Brasil, vocês não tenham feito o que nós fizemos aqui com os chefes da comunidade, de bandidos, etc, etc. Eu já falei para vocês fazerem. Não falei, Sidney? ... Todos já devem ter feito", diz um dos bispos, segundo o jornal. A Igreja Universal do Reino de Deus afirmou, por sua assessoria de imprensa, ao jornal que os fiéis têm "liberdade absoluta" e "da maneira que acharem correta" para fazer ou não doações. "Como já explicado reiteradas vezes à Folha de S. Paulo, a Iurd é uma denominação evangélica neopentecostal que possui como doutrina a Teologia da Prosperidade. Ou seja, acredita na intervenção divina também para o bem-estar material do homem. O exercício de fé pregado por seus bispos e pastores tem como único fundamento a prática dos ensinamentos da Bíblia", disse à reportagem. Quanto ao trecho que em que o Romualdo fala sobre aproximar-se de "bandidos", a assessoria diz que "não há e nunca existiu qualquer orientação para que fossem feitos acordos com bandidos" e que a Universal repeliu "interpretação equivocada de um trecho isolado do seu contexto geral". Há, sim, diálogos permanentes de pastores e bispos com chefes de comunidades, como é feito por qualquer líder religioso presente em uma comunidade carente (seja ele evangélico, católico, espírita)", diz a assessoria.
