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Na tentativa de enriquecer o material, o roteirista e diretor aprofundam o papel do ambiente em que a história transcorre, criando uma sinfonia pós-11 de setembro de 2001 sobre a força, garra e esperança de Nova York, algo que certamente vai chamar muito a atenção. No Brasil, o filme ganhou o nome de A Última Noite
O longa-metragem oferece boas oportunidades para Spike Lee mostrar seu talento, deixando um pouco de lado o território étnico no qual costuma trabalhar. Pela primeira vez ele dirige um drama cujos personagens principais são brancos e, com isso, nos brinda com um dos mais interessantes de seus filmes recentes.
A história acontece num período de 24 horas, mais ou menos como Faça a Coisa Certa, do mesmo diretor. Ela começa com o astuto e bem instruído Monty Brogan (Edward Norton) constatando que falta apenas um dia para ele entrar numa penitenciária e servir sete anos de prisão por tráfico de drogas.
Monty tenta entender e explicar o rumo que sua vida tomou enquanto se despede de sua família, seus amigos, seus contatos no mundo da droga e Naturelle (Rosario Dawson), a namorada que possivelmente o tenha entregado à polícia. As 24 horas também vão servir para ele se despedir da cidade que conhece.
O filme focaliza igualmente os amigos de Monty, estudando a maneira como os três personagens principais se conheceram, desde que eram colegas de escola.
Amigos e família
Os dois outros membros do trio são o poderoso corretor de ações em Wall Street Frank (Barry Pepper), que passou sua infância com Monty num bairro irlandês, e Jacob (Philip Seymour Hoffman), hoje um professor de escola mal pago que Frank descreve como “insatisfeito chora-mingas”.
Os dois se culpam por ter deixado Monty se enredar no mundo das drogas. Jacob se odeia ainda mais porque se sente atraído por uma aluna menor de idade, Mary (Anna Paquin), que o manipula com sua sexualidade mas se choca quando ele reage.
Antes de ir a uma festa privê num clube dirigido pelo mafioso russo tio Nikolai (Levani), Monty vai jantar com seu pai (Brian Cox), que é viúvo.
Ainda chorando a morte de sua mulher, depois de muitos anos, e agora se preparando para chorar seu filho de maneira diferente, o pai se culpa por ter aceito o dinheiro sujo de Monty para saldar as dívidas do bar do qual é proprietário.
O roteiro se perde um pouco entre diversos encontros e recordações do passado, como a da prisão de Monty e de seu primeiro encontro com Naturelle, mas se aproxima sem hesitar do clímax brutal, que destaca a complexidade dos relacionamentos cheios de falhas, mas duradouros.
O livro que deu origem ao filme ressalta a todo momento a beleza física de Monty, que o leva a ter medo de ser abusado por outros presos na penitenciária.
Embora Edward Norton seja uma escolha menos óbvia para o papel do que alguém como Brad Pitt ou Johnny Depp, por exemplo, ele convence perfeitamente, com seu carisma e sua inteligência inatos.
Norton transmite ao espectador a mentalidade de um homem que vê sua liberdade chegando ao fim, alguém que conseguiu viver comodamente em território moral dúbio, mas que não é uma pessoa má nem repugnante.
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