Em discurso na segunda-feira no Senado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), sugeriu que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral convoque para reunião os presidentes dos partidos políticos e "leia para eles a cartilha do que pode e do que não pode ser feito na campanha eleitoral".
O senador classificou de flagrante desrespeito à legislação eleitoral o que ocorreu na festa do dia 1º de Maio, em São Paulo. "Vão dizer – assinalou – que Serra foi a uma concentração de evangélicos. Em são Paulo, além e acima do fato de quem patrocinou, da cooptação de centrais sindicais, estava a diferença entre as posturas. Serra fez seu discurso, não disse que era candidato e não pediu votos. O presidente Lula não só fez o contrário, como agiu em flagrante desrespeito ao Tribunal Superior Eleitoral, dizendo algo assim: Não posso pedir votos, não posso indicar quem vai ficar em meu lugar, mas vocês sabem quem é, não?"
Para o líder, isso não pode ser minimizado sob a alegação de que Lula faz isso porque não é homem culto. "Quem passou quase oito anos na Presidência da República e em contato com os principais líderes mundiais não pode ser considerado inculto", afirmou.
"A impressão que me passa – ressaltou – é de que ele está testando os limites, querendo saber até onde pode transgredir." E manifestou o receio de que, não havendo reação da candidata governista nas pesquisas, ele possa vir "a utilizar os tais movimentos sociais para criar clima de instabilidade nas ruas".
Arthur Virgílio disse que o caso do 1º de Maio, em São Paulo, coloca a Justiça Eleitoral diante de suas saídas possíveis: uma, omitir-se, o que ela não vai fazer; outra, é ser exemplar e, com muita autoridade, pôr um basta nisso.
O presidente, segundo o líder tucano, fica muito mal "quando pega a sua candidata, põe embaixo do braço e começa a fazer papel de cabo eleitoral". "Um presidente – disse – pode ter sua preferência, pode discretamente falar de sua preferência, mas não pode se rebaixar a papel de cabo eleitoral, porque isso não é da liturgia do cargo que ocupa." Assinalou que nenhum outro presidente fez isso. Tinham suas preferências conhecidas, mas não vinham de público manifestá-las.
O líder tucano assinalou que, além de tudo, o presidente da República dá o exemplo. Fica muito difícil, no seu entender, evitar que prefeitos do interior, candidatos a deputado, senador, governador, não façam a mesma coisa. "Se o Lula pode, também posso", vão dizer.
O senador ressaltou também não ser bonito o presidente da República acumular multas nem é correto delas debochar.
"Quero chamar a atenção do presidente, neste tom sereno – disse – porque estou muito preocupado. Queria que a eleição fosse uma festa que consagrasse o governo de um homem que tem tudo para sair com enorme popularidade do poder, fazendo transição tão bonita quanto aquela que Fernando Henrique fez."