Durante a reunião da CPI da Bancoop, que investiga supostas irregularidades e fraudes praticadas pela Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo, realizada nesta terça-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo, os deputados paulistas aprovaram a convocação do promotor de Justiça José Carlos Blat e do ex-presidente da Bancoop e atual secretário de Finanças e Planejamento (tesoureiro) do PT, João Vaccari Neto.
Durante a reunião de hoje foi ouvida Yara Regina Ferreira, cooperada da Bancoop que alega ter sido prejudicada pela entidade na renegociação de sua dívida, o que a levou a perder o imóvel que havia adquirido.
Yara disse que comprou uma cota referente a um apartamento e que as prestações subiram de R$ 700 para R$ 2 mil. De acordo com a cooperada, até o aumento, os pagamentos eram feitos em dia. Ela afirmou que atrasou nove prestações e fez um acordo com a cooperativa para quitar a dívida. No entanto, ela teria sido informada que não atendia mais as exigências para ser cooperada e seu imóvel foi tomado.
Ela passou então a cota para sua filha, que atendia às exigências, e trocou o imóvel por outro empreendimento. Durante uma reunião, na qual Vaccari esteve presente, a cooperada alega ter sido informada que deveria pagar mais R$ 48 mil, em 24 prestações, além dos R$ 2 mil que já pagava.
Ela disse que procurou a Bancoop para uma nova negociação, mas foi destratada a ponto de chamar a polícia. No entanto, não registrou ocorrência. Como não conseguiu pagar o débito, Yara perdeu o imóvel, que foi vendido para outra pessoa pela cooperativa.
Entenda o caso
A Bancoop é investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo por apropriação indébita, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As supostas fraudes chegariam a R$ 100 milhões e teriam servido para alimentar campanhas político-partidárias.
Fundada em 1996, a cooperativa facilitaria o acesso, inicialmente apenas à categoria dos bancários, a imóveis a preço de custo, por meio de autofinanciamento. Sem que tenham recebido as chaves das unidades adquiridas, os cooperados reclamam do pagamento já efetuado e denunciam ser vítimas de pressão para a quitação das dívidas, sob ameaça de terem o nome sujo na praça, o que poria em risco seus empregos.
