Desde ontem, terça-feira, o Estado de São Paulo passa a contar com o primeiro hospital público do País especializado em transplantes de tecidos e órgãos. Com capacidade para realizar até 636 cirurgias anuais, a unidade contará com 80 médicos que realizarão transplantes de córnea, rim, pâncreas, fígado e medula óssea.
Além disso, o antigo Hospital Brigadeiro - agora rebatizado como Hospital Dr. Euryclides de Jesus Zerbini - também irá atender casos de alta complexidade em áreas como hematologia, oftalmologia, urologia e neurocirurgia. A reforma do antigo hospital consumiu quase dois anos e exigiu cerca de R$ 37 milhões de investimentos em obras e equipamentos.
Além do valor inicial, a Secretaria Estadual de Saúde garante que, somente este ano, irá destinar cerca de R$ 45 milhões para custear as atividades hospitalares e o Centro de Referência em Saúde do Homem, que funcionará no prédio anexo. Está prevista também a instalação de um laboratório de anatomia patológica que, de acordo com a secretaria, se tornará referência nacional para biópsia de rim, capaz de avaliar a qualidade dos órgãos doados e realizar o acompanhamento dos pacientes transplantados.
Embora afirme não ser possível precisar o tempo em que os pacientes à espera de um órgão compatível serão atendidos, o superintendente do hospital, o médico Nacime Salomão Mansur, garante que as novas instalações terão um "impacto brutal para a população".
"Queremos ser (em breve) o principal transplantador de fígado, córnea, medula óssea e pâncreas e, em curto espaço de tempo, esperamos fazer praticamente a metade do número de transplantes renais que o Hospital do Rim faz hoje. Agora, a queda no tempo de espera vai depender dos doadores e do aumento da captação de órgãos", disse Mansur durante a inauguração do hospital.
O superintendente afirmou que o hospital continuará atendendo a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de outros Estados (hoje, um em cada cinco transplantados nos hospitais paulistas são moradores de outros Estados) e que a triagem e o encaminhamento dos pacientes continuarão sendo feitos pelos ambulatórios especializados. Constatada a necessidade de transplante, o paciente é inscrito em uma lista de espera, cujo tempo de atendimento depende do órgão necessário e do estágio da doença.
Segundo Mansur, em São Paulo já não há mais fila para o transplante de córneas e a pior situação seria a dos que necessitam de um novo fígado. "É um procedimento muito complexo e há poucas equipes especializadas, além de haver poucos doadores", disse.
Estiveram presentes à inauguração o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), o secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, e o governador Alberto Goldman (PSDB).