O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, de forma unânime, nesta quarta-feira elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
"Considerando o processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos e externos, o Comitê entende que a decisão irá contribuir para intensificar esse processo", disse o BC, em nota.
Esta foi a terceira alta seguida do índice que, até abril passado, não subia há 19 meses, desde setembro de 2008.
Analistas de mercado esperavam um novo aumento de 0,75 ponto (cmo os dois últimos), ainda que as apostas do mercado futuro de juros em um corte menor tenham crescido nos últimos dias.
"Nos últimos dias 30 dias teve uma tempestade perfeita, uma combinação de fatores que tinha baixa probabilidade deacontecer: redução das previsões de crescimento da economia mundial, com menor pressão sobre commodities; acomodação da atividade doméstica por um período mais prolongado, de abril e junho; expressiva desaceleração da inflação em junho e julho. Mas o BC não erraria se tivesse aumentado o juro em 0,75 ponto. Nos próximos 45 dias poderia até parar. Agora, acho que o mais provável é uma nova elevação de 0,50 ponto na próxima reunião e o ciclo de aumento termina", disse Ricardo Denadai, economista do Santander Asset Management.
Dados recentes mostraram desaceleração significativa da inflação e indicadores também têm apontado uma acomodação da atividade, ainda que em patamar considerado elevado.
O IPCA-15 surpreendeu esta semana ao mostrar ligeira deflação em julho. As expectativas do mercado para a inflação em 2010 e 2011, no entanto, seguem acima do centro da meta de 4,5%.
A produção industrial se estabilizou em maio, mas continua perto de patamar recorde. O emprego formal cresceu menos que o esperado pelo governo em junho, mas ainda assim foi o segundo maior resultado para o mês da série histórica.
Nesta quarta-feira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que a confiança do industrial está no menor patamar desde outubro, com queda de otimismo em todos os segmentos do setor.
Efeitos
A taxa básica de juros remunera os títulos públicos depositados do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de parâmetro para o custo do dinheiro nas operações de empréstimo entre bancos. Por consequência, também influencia a taxa cobrada dos consumidores que pegam dinheiro emprestado de instituições financeiras.
Quanto menor a Selic, mais interessante para os bancos é emprestar ao consumidor e esperar o recebimento de juros maiores, do que comprar títulos do governo, que são garantidos, mas pagam menos.
O Copom voltará a se reunir nos dias 31 de agosto e 1º de setembro.