O presidente dos Correios, David José de Matos, entrega na tarde desta segunda-feira (20) a carta de demissão do diretor de operações da instituição, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, ao ministro das Comunicações, José Artur Filardi.
Eduardo Rodrigues entregou a carta de demissão ao presidente dos Correios no final da manhã desta segunda, após denúncias de que ele teria feito lobby em negociações entre a empresa MTA Linhas Aéreas e a Casa Civil.
Em entrevista concedida antes de se reunir com o ministro das Comunicações, o presidente dos Correios declarou que o episódio não abala a credibilidade da instituição. Ele disse que, na carta de demissão, Silva nega as acusações.
"Ele declarou que devido às acusações que foram feitas, apesar de ele já ter se defendido, já ter informado que ele não é e nunca foi sócio da MTA, a situação da família dele chegou a tal ponto que ele não está mais conseguindo conviver com a esposa e os filhos. Então ele acha que o sonho dele de ajudar os Correios não está mais valendo a pena neste momento", disse Matos.
Reveja os fatos de julho/agosto de 2010 (Agência Estado - AE)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu no dia 28 de julho a cúpula dos Correios por temer que o fisiologismo partidário ampliasse a crise administrativa na estatal e respingasse na campanha eleitoral, mas a iniciativa pode ter sido infrutífera. O novo diretor de Operações dos Correios, Eduardo Artur Rodrigues da Silva, assume o cargo sob uma nuvem de suspeita.
Conhecido no setor da carga aérea como "coronel Artur" ou "coronel Quaquá", ele chegou à estatal com o apoio do compadre de Lula, o advogado Roberto Teixeira. Presidia uma empresa de transporte de mala postal, a Master Top Linhas Aéreas (MTA). Vinte dias antes de ser escolhido para a função, a MTA arrematou o contrato de uma das principais linhas da estatal, a Linha 12, que opera no trecho Manaus-Brasília-São Paulo. A empresa, com sede em Campinas, venceu o pregão eletrônico com o lance de R$ 44,9 milhões.
É uma linha estratégica nos negócios dos Correios - representa 13% do valor total da malha e 14% da capacidade de carga contratada. Ao assumir a diretoria nos Correios, no dia 2 de agosto, o coronel entregou o comando da MTA nas mãos de uma filha, Tatiana Silva Blanco. Com essa triangulação, a MTA tem agora a família Rodrigues da Silva como contratada e, ao mesmo tempo, contratante. Em site na internet, a MTA destaca que tenta ser uma "extensão" das empresas com as quais mantém parceria.
O coronel Artur e o Planalto não responderam aos pedidos de informações. O escritório Teixeira, Martins & Advogados, em que atua Roberto Teixeira, enviou e-mail ao Estado negando indicação "de quem quer que seja para algum cargo público". O chefe do Departamento de Relacionamento Institucional dos Correios, Mário Renato Borges da Silva, disse desconhecer qualquer ligação do diretor de Operações com a Master Top, bem como a origem da indicação. "O corpo técnico da empresa não se envolve com isso, porque é indicação presidencial. Se houver alguma ligação (com a empresa aérea), foge da nossa capacidade", afirmou. Silva observou, porém, que a estatal espera "que tudo seja verificado".
