Especial Eleições 2010
As principais revistas semanais brasileiras se dividiram nos temas de capa desta semana. Enquanto Isto É e Carta Capital trouxeram as contradições do candidato à presidência da República José Serra (PSDB) no caso que envolve o suposto sumiço de R$ 4 milhões da campanha do partido, a Veja traz uma capa dedicada ao senador eleito por Minas Gerais, Aécio Neves, caracterizado como "super-homem" e na condição de grande eleitor do PSDB no segundo turno. A revista Época traz uma chamada que envolve "um homem de confiança de Dilma Rousseff" - e ela própria - em uma fraude de 157 milhões de euros para a aquisição de empréstimos.
Isto É e Carta Capital apresentam reportagens semelhantes, resgatando a história de Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Nas duas reportagens, Preto é retratado como responsável pelo desaparecimento de R$ 4 milhões da campanha tucana, dinheiro esse que, supostamente, teria sido arrecadado por meio de caixa 2.
Preto teria também emprestado R$ 300 mil para a filha do senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) comprar um apartamento.
A capa da Isto é é a mais espirituosa, feita em cima da edição passada da Veja, que falava de contradições de Dilma Rousseff em relação ao aborto. A revista traz na sua metade de cima uma frase de Serra que diz desconhecer quem é Paulo Preto: "nunca ouvi falar", publicada pelo Terra Eleições em 11 de outubro. Na outra metade da capa, nova frase atribuída a Serra, desta vez no dia seguinte: "evidente que eu sabia do trabalho do Paulo Souza, é que é considerado uma pessoa muito competente".
No interior da revista, sob o título "O poderoso Paulo Preto", a reportagem narra que após sofrer ameaças, Serra teria passado a defendê-lo. A revista também cita sete itens que carecem de melhor explicação no caso.
Em outra reportagem, a IstoÉ diz que a campanha eleitoral para a presidência deste ano segue sem propostas: "os leitores ainda não sabem o que Dilma e Serra pensam sobre temas vitais para o País".
Entre os assuntos "esquecidos" estão as taxas de juros e câmbio, a autonomia do Banco Central, reformas tributária e política, gastos públicos e política externa.
A capa da Carta Capital pergunta: "O que é isso, José?". Abaixo, a chamada: "Aparece o factoide que sumiu com 4 milhões. Chama-se Paulo Preto e é velho colaborador de Aloysio Nunes Ferreira".
Veja
A Veja classifica Aécio como o político das viradas impossíveis e que pode ser decisivo na campanha de Serra. A conta é simples. O candidato apoiado por Aécio ao governo de Minas, Antonio Anastasia, teve 6,3 milhões de votos no primeiro turno, contra apenas, 3,3 milhões de Serra. Ou seja, há 3 milhões de votos a serem explorados.
No título da matéria interna, "Aécio move a montanha", a revista diz que ao fazer o sucessor no governo de Minas, Aécio demonstrou "enorme capacidade de transferir votos. Agora, ele quer repetir o feito a favor de José Serra. O resultado desse esforço poderá definir o futuro presidente da República".
Em outra reportagem, a Veja apresenta o deputado Roberto Rocha (PSDB-MA) que, para resolver uma pendência na mudança societária da TV Cidade, do Maranhão, teria pago propina a um auxiliar de Dilma. Na ocasião, o advogado Vladimir Muskatirovic - assessor de Dilma - teria exigido R$ 100 mil de propina para agilizar o processo. Parte do valor - R$ 20 mil - teria sido pago.
Época
Reportagem da revista Época mostra que o banco alemão KfW envolve Valter Cardeal, "homem de confiança de Dilma Rousseff", na história de uma fraude de 157 milhões de euros.
De acordo com a revista, Cardeal é o diretor de Planejamento e Engenharia da estatal Eletrobras. Em 2003, ele teria chegado à estatal depois de uma indicação de Dilma Rousseff. Quatro anos depois, ele ocupou interinamente a presidência da estatal.
Segundo a reportagem, a revista teve acesso a uma ação de indenização por danos materiais e morais apresentados contra o conselho de Administração da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), uma subsidiária da Eletrobras.
A ação partiu do banco alemão KfW, que afirma ter evidências de que Cardeal teria conhecimento da emissão de garantias ilegais e fraudulentas para que duas empresas privadas brasileiras obtivessem um empréstimo internacional de 157 milhões de euros destinados à construção de sete usinas de biomassa de geração de energia no Rio Grande do Sul e no Paraná. O banco alega que Dilma Rousseff tomou conhecimento do negócio em 30 de janeiro de 2006.