Foi pela internet que os golpistas tiveram acesso aos dados de segurados do sistema da Previdência. Depois de roubar informações sigilosas, eles conseguiram fazer até empréstimos consignados em nome do presidente Lula no valor de cinco mil reais.
“Eu imagino que o presidente, quando recebeu o contracheque deve ter verificado o desconto, empréstimos que ele não havia feito e a partir daí a Polícia Federal foi acionada”, diz Rodrigo Vieira, promotor de justiça.
De acordo com as investigações. O dinheiro foi depositado em contas bancárias no Rio Grande do Sul. O caso aconteceu em 2007, mas só agora foi repassado ao Ministério Público gaúcho porque os beneficiários seriam moradores de Uruguaiana, na fronteira do estado.
O Ministério da Previdência diz que já foram adotadas medidas para aumentar a segurança do site e que a invasão no sistema ainda não foi comprovada. Os criminosos que teriam roubado os dados do presidente Lula pela internet, segundo a Polícia Federal, não foram identificados.
No mundo do roubo, compra e venda de informações pela internet, quem acessa dados de sistemas para obter vantagem financeira é conhecido como cracker. Pela internet, conversamos com um homem, condenado pela Justiça por desviar milhões de reais de contas bancárias no país.
Ele vive na Europa e é considerado foragido pela polícia brasileira. “Tem o craker que vende informações no geral e que vende de cartões, lista de e-mails pra fazer spam. São várias áreas e depende do que cada um faz e o que cada coisa vale”, explica.
As informações copiadas vão parar em sites que são uma espécie de classificados de crimes virtuais. Neles, os bandidos divulgam e vendem dados roubados de várias partes do mundo, sem o risco de serem rastreados pelas as autoridades.
Um desafio ainda maior para a polícia brasileira, que é obrigada a enquadrar os criminosos em crimes comuns. “Infelizmente nossa lei ainda não está adequada para o que chamamos de crime de alta tecnologia. Várias condutas realizadas no mundo virtual ainda não são previstas como crime como deveria”, declara Emerson Wendt, delegado Polícia Civil.
A fragilidade na lei é ainda maior na rede de computadores. É o que diz um jovem, ex-cracker e que hoje faz a segurança de sistemas virtuais para empresas. “Bancos, cartões de crédito, comprar, sites, todos são vulneráveis no Brasil. Hoje em dia ninguém está seguro, todo mundo está exposto...”, diz.
O valor dos empréstimos não foram descontados da conta do presidente, segundo o Ministério Público. Lula recebe uma pensão por ter sido perseguido pelo governo militar.