O próximo concurso da Polícia Federal será regionalizado na Amazônia Legal. Segundo o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o objetivo de se realizar um concurso específico para o norte do país é fazer com que os inscritos no processo seletivo já saibam, com antecedência, que terão de trabalhar na região. Thomaz Bastos disse hoje que espera o reforço de 70% dos quadros da Polícia Federal o mais rápido possível.
O ministro representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na solenidade de formatura do 18º curso de formação profissional de perito criminal da PF e destacou, na ocasião, que a atividade representa “a parte nobre da polícia judiciária”. Ao todo, 68 alunos, dos quais 10 mulheres, receberam certificado de conclusão do curso, durante a solenidade na Academia Nacional de Polícia. Também participaram da cerimônia o diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, Paulo Lacerda, a secretária Nacional de Justiça, Cláudia Chagas e o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, entre outras autoridades.
Thomaz Bastos, escolhido paraninfo da turma, lembrou a importância da perícia no processo criminal, afirmando que esse tipo de prova é capaz de reconstruir os fatos, como nenhum outro meio. “A testemunha é falha, o réu mente, as outras provas são deficientes, são mal colhidas, mas a perícia bem feita, com senso, com cuidado, recompõe e recupera a verdade de uma maneira definitiva”, observou o ministro, acrescentando que a alta relevância da atividade aumenta a responsabilidade dos peritos. “Ao mesmo tempo em que eles têm na mão esse extraordinário instrumento, têm também que ter a humildade de não ceder à tentação de se considerarem onipotentes”, ressaltou. Ele destacou ainda o papel dos peritos no combate ao crime, principalmente dos tipos mais sofisticados e difíceis de desvendar.
Durante o seu discurso, o ministro reafirmou o compromisso de mudança social do governo Lula, voltado para a grande massa de brasileiros excluídos, e deixou aos formandos a mensagem de preocupação com os direitos humanos: “Qualquer polícia judiciária do Brasil só será eficiente se tiver consciência do lugar onde vive, das dificuldades que cercam a construção desse país, do grande número de pessoas vulneráveis, destituídas daquele mínimo indispensável à vida. Os vulneráveis devem ser os mais protegidos”.
Antes de participar da solenidade, Thomaz Bastos disse que as declarações feitas ontem pelo delegado José Francisco Castilho Neto, da Polícia Federal, durante audiência sobre o caso Banestado na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, são “um pouco” de delírio e de falta de equilíbrio. Durante o depoimento, o delegado culpou o Ministério da Justiça por não ter ficado à frente das investigações sobre a remessa ilegal de US$ 30 bilhões ao exterior.
Segundo Thomaz Bastos, “não é o Ministério que investiga, mas a Polícia Federal, que é quem está investigando isso e sempre investigou". O ministro acrescentou que "ele (Castilho Neto) simplesmente não foi reconduzido à investigação por uma série de motivos técnicos, de deficiências e de falta de critério dele” e que “em vez de procurar a verdade, ele procurou os holofotes”.
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