A máquina, que tem um custo total de 20 milhões de dólares, é fabricado pela japonesa NEC e estará entre os oito supercomputadores mais rápidos do mundo para análises meteoro-lógicas quando estiver pronto até o início de 2003, afirmou à Reuters o coordenador do Cepetec, Carlos Nobre.
“Dessa vez o Brasil vai ter a capacidade de fazer seus próprios cenários de clima até o final do século”, disse Nobre.
Segundo o pesquisador, o país poderá saber como será seu clima daqui a vários anos se a emissão de gases estufa continuar sem controle ou se for controlada por conta do protocolo de Kyoto, por exemplo.
Além disso, o equipamento melhorará em quatro vezes a área de resolução sobre a qual são feitas as previsões do tempo atualmente.
“Hoje só conseguimos fazer previsão de uma área de 100 quilômetros quadrados, com o novo computador poderemos reduzir essa área para 50 por 50 quilômetros, melhorando em muito a qualidade de nossa previsão”, disse Nobre, acrescentando que o computador também poderá elevar o número de variáveis de estudos climáticos de 15 para 50.
A máquina será inaugurada no centro do Cepetec, órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo, em duas etapas.
A primeira, foi em dezembro, envolveu a inauguração de 32 microproces-sadores do supercomputador, que lhe darão um poder de processamento de 256 bilhões de operações aritméticas por segundo, ou 256 gigaflops.
A segunda etapa será inaugurada no início de 2003, com a ativação de todos os 96 processadores, elevando o poder de computação do equipa-mento para 800 gigaflops.
O computador mais poderoso da Terra para a previsão do tempo é o Earth Simulator, também fabricado pela NEC, localizado no Japão. A máquina japonesa é capaz de realizar até 40 trilhões de operações por segundo, ou 40 teraflops.
A capa-cidade atual do Cepetec é atualmente de 16 gigaflops.
O Brasil não conta hoje com estudos sobre os impactos da tecnologia sobre a produção agrícola. Apesar disso, Nobre calcula, baseado em estudos internacionais, que o país poderia economizar até 2,5 bilhões de dólares por ano se o setor usasse plenamente a previsão do tempo.
“Seria uma economia de pelo menos cinco por cento do produto interno bruto da agricultura, excluindo o agronegócio”, disse o coordenador do Cepetec.
Além dos cenários futuros do clima brasileiro, o novo computador vai permitir o ganho de um dia de previsão do tempo de qualidade.
Atualmente, a confiabilidade dos estudos climáticos está em quatro dias.
Nobre também calcula que a qualidade da previsão de tendência climática num prazo de três meses também terá a sensível melhoria de 10 a 15 por cento.
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