|
semana, os consumidores estão recebendo em casa a conta da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) com reajuste de até 32%. O aviso sobre o aumento da tarifa aparece de forma discreta na conta, sem especificar o percentual, o que pegou a maioria dos consumidores de surpresa.
O repasse cobrado a partir deste mês se refere ao aumento anual do gás canalizado e representa a variação da inflação verificada entre junho de 2002 e maio deste ano, um pouco abaixo do Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que neste período foi de 32,97%. A empresa atende a 390 mil domicílios na Grande São Paulo, na Baixada Santista, na região de Campinas e no Vale do Paraíba. Do total, 380 mil domicílios, que representam 1,2 milhão de consumidores, estão na capital paulista.
Quanto maior o consumo de gás canalizado, menor será o impacto do reajuste. Ou seja: o consumidor residencial é mais prejudicado pelo aumento do que as indústrias, que terão o menor acréscimo fixado — de 6% — na tarifa paga neste mês. O reajuste está previsto no contrato de concessão da Comgás, empresa que foi privatizada em maio de 1999 e é controlada pelo consórcio formado pela British Gas e pela Shell.
Quem está na faixa de consumo entre zero e cinco metros cúbicos paga a alíquota máxima, de 32%, o que na prática significa uma taxa de R$ 13,98. O reajuste da tarifa, de acordo com a companhia, é aplicado de forma escalonada, conforme o consumo.
Para a administradora de empresas Ângela Silva Santos, 60 anos, o reajuste do gás canalizado é abusivo porque, assim como o aumento das tarifas de telefonia fixa, não usa um índice que mede a inflação ao consumidor. Entre as tarifas de serviços controlados, a de gás encanado foi a que teve maior reajuste no ano. A tarifa da Telefônica teve aumento autorizado de 24,5% mais cara no mês passado (suspenso, no entanto, por liminar), enquanto a da Eletropaulo subiu 10,95%.
- O consumidor fica sem escolha. Como não posso deixar de usar o gás em casa, sou obrigada pagar um aumento abusivo como esse. Não é à toa que tem tanta gente que atrasa o pagamento da conta - disse.
A empresa atende hoje cerca de 10% dos moradores da capital paulista. Ou seja: de cada dez paulistanos, um será atingido pelo aumento da Comgás. O restante da população utiliza o tradicional botijão de gás, que custa hoje em média R$ 29 e ficou 5,5% mais caro só neste ano.
Em comparação ao Rio de Janeiro, o consumo de gás canalizado ainda é pequeno na cidade, e está presente principalmente em condomínios nos bairros de classe média e classe média alta. Entre os cariocas, o uso de gás natural é sete vezes maior do que entre os paulistanos. A Comgás prevê que há espaço para ampliar o atendimento na capital para 2 milhões de consumidores e projeta para o ano um investimento de até R$ 240 milhões em expansão da rede.
|
