E não é só quem passa horas torrando na praia e na piscina que sofre com isso. No dia-a-dia, seja numa caminhada pelo parque ou a caminho de uma reunião de trabalho, também é preciso se preocupar com as madeixas. Mas sem se esquentar: o melhor escudo para se prevenir desse bombardeio é, literalmente, não perder a cabeça.
No verão, o sol é o comandante dessa destruição. Não bastasse causar o envelhecimento dos fios, tornando-os mais vulneráveis, ele provoca reações químicas com o sal e o cloro, deixan-do até as mais lindas cabeleiras em petição de miséria. “Qualquer tipo de cabelo sofre com a ação do sol”, comenta a cabeleireira Lucy Cardoso, do Werner Coiffeur. “A ação dos raios ultravioleta desgasta a cutícula, que é a camada protetora dos fios. Com isso, eles ficam mais porosos e perdem em elasticidade, deixando a raiz mais fraca e provocando queda”, afirma. Para evitar que a única solução para os efeitos desse verdadeiro coquetel molotov anti-estético seja um outono com look Hare Krishna, alguns pequenos cuidados podem valer ouro. “Depois do mergulho, nunca seque os cabelos ao sol. Prefira enxaguá-los com água doce e usar uma toalha em seguida, mas nunca escovando-os ou penteando-os”, indica Lucy. Ela ainda recomenda o uso de um condicio-nador leave-in, para dar mais força à camada protetora dos fios, e do bom e velho filtro solar. “Esse, então, é imprescindível para qualquer ocasião de exposição do cabelo ao sol”, comenta. A dermatologista Denise Steiner afirma que a água do mar – pelo menos em sua composição natural, o que é raro nas nossas praias hoje em dia – é menos agressiva do que a da piscina. “Não só o cloro, mas alguns algicidas, como o cobre, destroem a cutícula”, explica. Segundo a médica, proteger essa camada já é meio caminho andado para amenizar os efeitos nocivos. “Por isso, costumo recomendar o uso de um óleo de silicone para evitar qualquer desgaste, seja provocado pelo sol, pela água ou pelo vento”, diz. A nadadora profissional Magali Ferreira, que passa cerca de quatro horas por dia dentro de uma piscina, garante que algumas pequenas precauções já são suficientes para escapar da ação destruidora dos produtos químicos que mantêm a qualidade da água. “Nunca mergulho sem minha touca de silicone, por exemplo. Ela é melhor do que a de borracha porque é mais flexível e não quebra tanto os fios. Além disso, quando vou fazer uma pausa pequena no treino, enxáguo o cabelo com a água da ducha”, diz. Mas os cuidados de Magali não são só esses. Para garantir a saúde de suas madeixas, ela conta com a ajuda de um time especializado. “Estou sempre trocando figu-rinhas com minha derma-tologista e meu cabe-leireiro. Ela preparou dois shampoos e dois condicionadores à base de abacate e pêssego, que uso em dias alternados. Já ele, me indicou um óleo especial, que retira todo o cloro do cabelo. Quando enxáguo meu cabelo com ele, a água chega a sair verde”, comenta a nadadora.
Cuidar dos cabelos no verão não é a ordem do dia apenas de quem passa a estação no circuito praia-piscina. Mesmo aquelas que não conseguiram fugir da rotina e descolar umas férias, precisam estar atentas. Se no dia-a-dia de trabalho não há o cloro e o sal, olho vivo na poluição e na transpiração, outra dupla arrasadora. “A fumaça e a poeira grudam no suor dos fios.
Aquilo vai se acumulando e o cabelo fica sem vida, pesado”, explica Lucy Cardoso. Para ela, a lavagem diária dos cabelos durante essa época do ano é fundamental. “Fazer isso todo dia não é prejudicial, desde que sejam usados bons produtos”, afirma. Segundo Lucy, a transpiração excessiva pode alterar o pH do couro cabeludo, por isso é importante que o shampoo seja bem escolhido. “Dermatologistas ou cabeleireiros são as pessoas mais indicadas para ajudar a escolher o produto ideal para uso diário. É uma boa alterná-lo, de três em três dias, com um shampoo anti-resíduo”, sugere. A derma-tologista e esteticista Renata Justo dá ainda outra dica: “Depois de um dia de correria no calor e no sol, ao lavar os cabelos, enxágüe-os em uma bacia com água fria e uma colher de chá de bicarbonato de sódio. Isso ajuda a tirar os resíduos e a equilibrar a acidez do couro cabeludo, que pode gerar algumas dermatites, como a caspa, além de deixá-lo mais suscetível a queimaduras”, alerta.
A hidratação é outra arma com poder de fogo comprovado.
O cabeleireiro Gilberto Moraes, que cuida das madeixas de Vera Fischer, explica que, fragilizado, o fio não consegue reter água e se enfraquece. “Principalmente aqueles que passam por algum processo químico, como tinturas, alisamentos, além dos crespos e os naturalmente secos”, acrescenta.
No verão, ele recomenda que a hidratação seja feita aproxima-damente de quinze em quinze dias. “Outras medidas importantes são cuidar da alimentação e cortar as pontas, para dar mais força ao cabelo”, aconselha.
Renata Justo ensina uma receita salvadora: “Bata um abacate com duas colheres de mel e duas ampolas de Arovit, que pode ser encontrado em qualquer farmácia. Aplique nos cabelos por 15 minutos, envolvendo-os com uma toalha quente e enxágüe com água morna. A receita rende mais ou menos umas três mascaras e, se guardada na geladeira, dura até três dias”, garante a esteticista.
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