Este século está começando com um grande paradoxo: de um lado, a produção agrícola já atingiu níveis suficientes para alimentar toda a população mundial, e de outro, a constatação de que os recursos naturais disponíveis já atingiram o limite máximo de seu esgotamento. E se a humanidade quiser sobreviver dentro de padrões aceitáveis terá que saber administrá-los.
Sempre há um certo exagero e um certo “terrorismo” nas advertências dos ecologistas. Não é o caso quando as projeções são as do respeitado Instituto de Wuppertal para o Meio Ambiente e Estudos Climáticos, com sede na Alemanha. Uma de suas conclusões é de que é absolutamente inadmissível que derrubar uma floresta possa ainda significar lucro, e protegê-la, não. O Instituto questiona que índices de consumo de eletricidade sejam usados como indicadores de riqueza e desenvolvimento, quando eles podem significar em futuro muito próximo exatamente o contrário.
Os pesquisadores do Wuppertal dão um exemplo: dos 133 litros de água potável que um alemão médio usa por dia, apenas três são para beber ou cozinhar. O restante escoa através das máquinas da lavar, louça, roupa, e pelo ralo de banheiros, pias e jardins e outros escoamentos menos nobres. Os dados assustam: cada tonelada de produto industrializado causa um consumo de recursos de 30 toneladas de materiais variados tipos.
o caso dos metais, a equação é ainda pior. Para ganhar uma tonelada de metais nobres, como ouro e prata, é preciso movimentar 500 mil toneladas de matéria, com grandes danos ambientais.
Em termos estritamente ecológicos, conclui o Instituto, a aliança na mão de um pai de família pesa mais do que o carro em que leva os filhos para passear. O pessoal do Wuppertal calculou o tamanho da área necessária para satisfazer os hábitos de consumo de um europeu médio ao longo de sua vida: três hectares. Assim, todos os países europeus, e principalmente os Estados Unidos, já estariam com superpopulação.
Os brasileiros, no entanto, ocupam uma área bem menor. Esta a maior riqueza do Brasil para o Instituto alemão e, por razões muito diferentes daquelas aduzidas pelo escritor austríaco que se suicidou em Petrópolis, Stefan Zweig, o Brasil ainda não é, mas pode ser o país do Futuro.
Estamos longe dos índices destrutivos das nações do Primeiro Mundo, onde cada habitante desfalca por ano 50 toneladas de “carga ecológica” em todo o planeta. Para encerrar também com um paradoxo: nossa pobreza pode ser em pouco tempo nossa maior riqueza.
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