
Um Brasil mais organizado para a Copa do Mundo e com um povo mais alegre e ansioso para os jogos. Isso é o que jornalistas estrangeiros que chegaram ao País para cobrir os jogos esperavam. Na Granja Comary, em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, onde a Seleção está treinando, os sotaques são diferentes, mas as críticas ao Mundial são um ponto em comum. E quem compara a organização dessa Copa com a da África do Sul diz que, até agora, o Brasil está atrás.
“Estamos aqui há quatro dias e é muito difícil nos locomover pelo Rio. Há muitos carros nas ruas e a sinalização dos lugares é ruim. Nas Olimpíadas de Atenas havia uma faixa especial nas ruas para os veículos das pessoas que estavam trabalhando no evento passarem”, reclama o repórter Jorge Martinez, da Teletica, TV da Costa Rica, que disse que sua equipe levou 5h30 para fazer um roteiro que incluiu Copacabana, Maracanã e Barra da Tijuca, nas zonas Sul, Norte e Oeste da cidade.
Segundo Martinez, na África do Sul a sinalização das ruas era melhor. “Mas vamos ver se até os jogos começarem as coisas vão mudar”, diz.
Para o belga Samindra Kunti, que trabalha para o Mail & Guardian, jornal da África do Sul, o Brasil perdeu a oportunidade de investir em infraestrutura. “Vim ao Brasil no ano passado e quando cheguei ao aeroporto do Galeão, no Rio, há quatro dias, percebi que de lá para cá nada mudou. A fila para imigração era enorme, as malas demoraram. Se houvesse mais voos programados para o horário, seria um desastre. O Brasil poderia ter melhorado no que se refere a aeroportos e estradas”, afirma Kunti.
Repórter do jornal mexicano El Mexicano, Ricardo Jimenez reclama que não há ninguém para recepcionar os estrangeiros no aeroporto nem em português nem em outra língua e que sequer recebeu um mapa do Rio com as linhas de transporte público. “Na África do Sul o transporte era melhor, as instalações também”, disse Jimenez. O mexicano se disse impressionado principalmente com a falta de entusiasmo dos brasileiros com a Copa. “Falta calor e ânimo. Ouvi muitas pessoas dizerem 'Copa não, queremos mais educação'. Viemos com a expectativa de ver o povo alegre. Futebol é Brasil e Brasil é alegria”, afirma.
O jornalista Paul Loewenthal, que trabalha para um site da Inglaterra, disse estar impressionado com os altos preços praticados no país, como de hospedagem, e decepcionado com a distância que os jornalistas são obrigados a ficar dos jogadores da Seleção. Contudo, como já veio ao país outras vezes, inclusive para o Carnaval na Bahia, ele está otimista em relação ao resultado da organização do Brasil no final. “Conheço o Brasil e sei que vai ser desorganizado, mas que, no final, tudo vai dar certo”, afirma Loewenthal.