O desempenho da indústria paulista apresentou queda de 2,7% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, por conta, entre outros fatores, do número menor de horas trabalhadas na produção, reflexo da realização da Copa do Mundo de futebol no país. A queda, no entanto, já era esperada uma vez que o setor manufatureiro vem apresentando um arrefecimento da atividade cada vez mais agravado, de acordo com a análise de Paulo Francini, diretor de Economia da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp)
Os números de junho são resultado do Indicador de Nível de Atividade (INA), elaborado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp.
Segundo a pesquisa, a atividade da indústria no primeiro semestre de 2014 registrou queda de 7,3%, o pior desde 2003, quando o levantamento de conjuntura da produção começou a ser feito, com exceção do ano de 2009, quando o percentual de queda chegou a 15,8%, em consequência da crise econômica mundial.
Já na comparação com o mês imediatamente anterior, o resultado mensal verificado em junho é o pior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2001.
“É um junho ruim que acompanha o andamento ruim da indústria, o qual infelizmente deve continuar ruim durante o ano de 2014 e sem grandes novidades a vir porque as expectativas estão todas voltadas para um novo governo que haverá de tomar posse em janeiro de 2015”, afirma Francini.
O dado de junho foi puxado principalmente pela perda de 5,5% no total de vendas reais da indústria e pela diminuição de 2,4% do total de horas trabalhadas na produção, em decorrência do Mundial de futebol realizado entre 12 de junho e 13 de julho.
“Porque você tem 20 dias do mês, praticamente, que coincidiram com a Copa. Estabeleceu-se um conjunto de interrupções dessa e daquela natureza em dias de jogos. Portanto, a queda do mês de junho foi influenciada por esta redução”, explica o diretor das entidades.
Atividade industrial ainda pior
A Fiesp e o Ciesp estimam que a indústria paulista deve encerrar 2014 com queda de 4,4% em seu desempenho, mas o Depecon está trabalhando na revisão para baixo dessa projeção.
“Já havíamos feito uma [estimativa] no final do ano passado, fizemos uma revisão em março e, terminado o primeiro semestre, estamos sendo obrigados a fazer mais uma revisão. E é muito provável que essa previsão de queda aumente para um número ainda desconhecido”, diz Francini. A federação deve divulgar suas novas estimativas ainda em agosto deste ano.
O diretor acredita que os resultados da economia brasileira como um todo devem continuar apresentando números que ele classifica como “medíocres”.
Pesquisa
Segundo o INA, o desempenho da indústria caiu 3,9% no acumulado dos últimos 12 meses, na leitura sem ajuste sazonal. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) registrou ligeira queda, chegando a 79,1% em junho versus 79,3% em maio, sem efeitos sazonais.