O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender as reformas da Previdência e tributária. Durante a solenidade de lançamento do Fórum Nacional do Trabalho, no Palácio do Planalto, Lula mandou um recado aos setores contrários a mudanças na Previdência. "Todos, do senador mais importante da República ao deputado com a menor quantidade de votos, a qualquer empresário e qualquer sindicalista, todos sabem que nós temos que mudar", disse Lula.
Para o presidente, manter o sistema previdenciário atual é uma atitude preguiçosa. "As reformas mexem muito com a nossa comodidade, é melhor ficar tudo como está. Para que mudar? Não é todo mundo que tem coragem, no final do ano, de pegar uma lata de tinta e pintar sua casa. É melhor ficar como está. Para que trabalho?", comparou o presidente.
Lula defendeu o fortalecimento da representação dos trabalhadores por meio da regulamentação dos sindicatos. Segundo o presidente, essa é a única maneira de garantir a negociação entre o empresariado e os empregados. "Esse país é engraçado, tem várias centrais sindicais, nenhuma reconhecida em lei, mas que funcionam normalmente. Amanhã algum empresário pode se recusar a fazer acordo com elas porque, legalmente, não existem", afirmou.
O presidente também sugeriu a realização de contratos coletivos de trabalho, que beneficiam um maior número de funcionários. Hoje, segundo Lula, o papel do sindicato não deve ser só o de lutar por 1% ou 2% de aumento na data-base. O dirigente sindical deve ser o representante legal do trabalhador enquanto cidadão. "Os sindicatos também precisam defender a causa daqueles que ficam do lado de fora da empresa, os desempregados", enfatizou.
A modernização dos sindicatos significa, para o presidente, maturidade para encontrar um denominador comum que possa atender a todos os setores da sociedade. "Essa é uma discussão profunda que vamos ter que fazer sem colocar o ideológico na frente", afirmou. Segundo Lula, o tempo em que os sindicatos apenas contestavam as decisões patronais já passou. "Eu me notabilizei nessa época, mas agora a história exige outra cabeça, outra forma de comportamento. A solução passa pela necessidade de vocês (patrões e funcionários) se entenderem", disse.
O Fórum Nacional do Trabalho contará com a participação de representantes de empresários, de sindicatos e do governo. Cada um desses setores escolheu os seus interlocutores que irão buscar alternativas de consenso para as reformas trabalhista e sindical. "Talvez esse seja o fórum mais plural que já tenha sido montado no país", disse o presidente. A primeira reunião está marcada para o dia 5 de setembro e o fórum não tem prazo determinado para apresentar suas conclusões.
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