Pacto? Um parto difícil!

 

Opinião - 09/08/2003 - 01:38:16

 

Pacto? Um parto difícil!

 

Da Redação .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Pacto social implica num acordo em que alguns segmentos aceitam perdas em favor de ganhos de outros. Quem aceitará?

Pacto social implica num acordo em que alguns segmentos aceitam perdas em favor de ganhos de outros. Quem aceitará?

Pacto social não é, como muitos supõem, uma troca de amabilidades entre as lideranças dos segmentos mais expressivos da sociedade brasileira. O grande pacto nacional que o presidente eleito, Lula da Silva, pretende realizar é um projeto muito diferente do vitorioso e celebrado Pacto de Moncloa, que uniu a Espanha em 1977, dois anos depois da morte do ditador Francisco Franco que governou discricionariamente o País por trinta anos. Moncloa foi, fundamentalmente, um acordo político e que garantiu uma transição democrática que parecia quase impossível, considerando o histórico radicalismo político dos espanhóis. O papel do rei Juan Carlos - instância respeitada e acatada - foi decisivo para o êxito do pacto nacional. Pactos sociais, no Brasil, já foram tentados muitos e poucos prosperaram, e assim mesmo por pouco tempo. É preciso entender que na presente conjuntura brasileira o pacto que o PT pretende é na realidade uma tentativa de negociação de perdas (de um segmento da sociedade em relação aos outros). Um aumento expressivo do salário mínimo, por exemplo, implica em ganhos para uns e perdas para outros e esta equação é inevitável, como sabe qualquer economista de subúrbio. Dos anos 80 para cá, o Estado fez o “arbitramento” das perdas e dos ganhos, e mais recentemente, na era FHC, com a inflação contida, os interesses setoriais foram atendidos - melhor seria dizer arbitrados - via aumento da carga tributária ou via endividamento público. Estes dois caminhos estão absolutamente esgotados - o financiamento público, antes uma solução tornou-se agora o grande problema; a carga tributária antes ainda penosamente suportável, já é recorde entre países do mesmo nível de desenvolvimento e chegou ao limite máximo. Pacto social não é um fim em si mesmo, mas um meio para se alcançar certos objetivos e viabilizar algumas reformas de que precisamos e que são difíceis. É um acordo de aceitação de sacrifício agora para benefício depois. O maior risco nesta tentativa promovida pelo PT é que se transforme em assembleismo e não se conseguir dar uma partida firme. É bom lembrar que capital político - sempre farto em início de mandato - não tem duração infinita. Quem o PT vai convencer aceitar perdas com a promessa de dias felizes depois? Um pacto social como quer Lula não pode ser um parto demorado, se for, não nascerá sadio.

Pacto social implica num acordo em que alguns segmentos aceitam perdas em favor de ganhos de outros. Quem aceitará?

Pacto social implica num acordo em que alguns segmentos aceitam perdas em favor de ganhos de outros. Quem aceitará?

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