Apesar do orçamento de mais de 175 milhões de dólares e da ausência de James Cameron, diretor dos dois primeiros filmes da série, T3 foi lançado no exterior em meio a diversas preocupações, o que abaixou as expectativas em relação ao longa-metragem e só favoreceu a produção.
Pouco antes de o filme estrear nos Estados Unidos, a crítica se perguntava: conseguiria Arnold Schwarzenegger, agora com 55 anos, entrar na roupa de couro preto do Exterminador 1?.
Poderia o novo longa se equiparar aos épicos de efeitos especiais que o superaram desde Exterminador 2?.
Conseguiria Jonathan Mostow chegar perto de James Cameron?
E será o que o público ainda se interessaria pela franquia 12 anos após o lançamento do segundo filme?
Bem, Arnie, como o astro é chamado carinhosamente pelos amigos, já provou que ainda cabe no figurino. E a contar pelas bilheterias internacionais - impulsionadas também pelas notícias de que Schwarzenegger poderia se candidatar ao governo da Califórnia - as respostas às outras perguntas já se mostraram positivas. E é provável que o sucesso se repita por aqui.
O filme conserva um equilíbrio entre dramaticidade urgente e violência, algo movido por uma sensibilidade mais voltada à estética de ação clássica do que aos efeitos especiais.
Vilã T-X
O roteiro de John Brancato e Michael Ferris retoma a história a partir de T2, quando o jovem John Connor ajudou a impedir o dia do julgamento final, quando as máquinas de Skynet iriam aniquilar a humanidade.
Resumindo a ação dos dois primeiros filmes, Connor (agora, na casa dos 20 e poucos anos e representado por Nick Stahl em lugar de Edward Furlong), conta como as forças mecanizadas do mal já tentaram matá-lo duas vezes - uma antes mesmo de ele nascer e outra quando tinha 13 anos. Em consequência disso, ele hoje vive clandestinamente para que “ninguém e nada” possa encontrá-lo.
O fato de Connor ser o Escolhido que vai salvar a humanidade de um sistema ultrapoderoso obviamente traz à mente Matrix. Mas a série Exterminador do Futuro possui poucos mistérios, ambiguidades ou pretensões intelectuais. O que vemos é simplesmente uma vilã que passa boa parte do filme perseguindo os mocinhos.
A vilã “nasceu” numa vitrine de Beverly Hills e entra em cena atravessando a Rodeo Drive nua, roubando o carro esporte de uma mulher e a arma de um policial. Não demoramos a ficar sabendo que essa criatura pouco modesta é T-X (Kristanna Loken), o ciborgue assassino mais tecnologica-mente avançado já visto no mundo.
T-X chegou à Terra com a missão de localizar e matar Connor, abrindo caminho para a dominação do mundo pelas máquinas. Seu caminho passa pela jovem veterinária Kate Brewster (Claire Danes), ex-colega de escola de Connor, cujo pai, um general, é o responsável por manter a segurança dos EUA contra a ameaça mecânica.
A vilã se aproxima rapidamente de Connor, que se refugiou na clínica de Kate, e ela só não consegue seu intento porque o Exterminador chega e inicia o primeiro de vários duelos.
Econômico e convincente
Embora o mais importante seja a sobrevivência de Connor, são os confrontos entre o Exterminador e T-X que dão substância à história.
T3 mostra sua verdadeira escala depois dos primeiros 30 minutos, numa cena de perseguição envolvendo os policiais, Connor e Kate num caminhão, o Exterminador numa moto e T-X na direção de um guindaste de 100 toneladas.
Em dado momento o Exterminador fica preso na ponta do guindaste e é atirado contra uma sucessão de edifícios, enquanto o guindaste atravessa um bairro industrial. A destruição é espantosa e inteiramente realista.
Depois de vários papéis pouco memoráveis, é muito bom ver de volta na interpretação que constitui sua marca registrada.
Sua aparência está ótima (consta que ele coube no mesmo figurino que usou no primeiro Exterminador, 19 anos atrás), suas falas são econômicas e convincentes, como antes, e ele está muito longe de parecer um ator de ação envelhecido, louco por um último momento de glória.
Mais do que em T2, a inferioridade física do Exterminador em relação a sua adversária deixa Schwarzenegger ainda mais próximo do espectador.
Substituta de último minuto de outra atriz, e presença inicialmente surpreendente num filme dessa natureza, Claire Danes imbui de garra e inteligência o papel de uma jovem mergulhada numa situação inesperada e dificílima.
Nick Stahl se esforça para transmitir o dilema existencial de seu personagem, mas Connor é um pouco demais para o ator jovem e sincero.
Para transformá-lo num papel memorável, o ator teria tido que identificar algo especial dentro do personagem do qual nem mesmo ele tem consciência, mas nada disso se torna visível em Exterminador 3.
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