Petrobras tem prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões em 2015

 

Economia - 21/03/2016 - 23:01:00

 

Petrobras tem prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões em 2015

 

Da Redação com Valor Online

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Em 2014, a Petrobras teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões, refletindo a baixa contábil de ativos de R$ 44,3 bilhões, além da baixa de R$ 6,194 bilhões por corrupção, entre outros fatores

Em 2014, a Petrobras teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões, refletindo a baixa contábil de ativos de R$ 44,3 bilhões, além da baixa de R$ 6,194 bilhões por corrupção, entre outros fatores

A Petrobras terminou 2015 com prejuízo de R$ 34,9 bilhões, refletindo uma série de fatores não recorrentes, além do forte efeito da despesa financeira devido à desvalorização do real ante o dólar e da queda no preço do petróleo no mercado internacional.

Em 2014, a Petrobras teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões, refletindo a baixa contábil de ativos de R$ 44,3 bilhões, além da baixa de R$ 6,194 bilhões por corrupção, entre outros fatores.

A receita da estatal somou R$ 321,7 bilhões no ano passado, queda de 4,6% em comparação com os R$ 337,3 bilhões apurados em 2014.

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 25%, saindo de R$ 59,14 bilhões para R$ 73,9 bilhões.

O presidente da empresa, Aldemir Bendine, afirmou que 2015 foi um ano difícil para toda a indústria do petróleo.

Bendine afirmou que a queda do preço do petróleo em 2015 gerou a necessidade de realizar baixa contábil dos ativos da Petrobras no resultado relativo ao ano passado.

Segundo Bendine, o preço médio do barril do Brent recuou cerca de 50%, em 2015, em relação ao ano anterior. Ele explicou que, em 2014, o preço do Brent ficou próximo de US$ 100, enquanto, no ano seguinte, esse valor foi pouco superior a US$ 50. “Isso trouxe necessidade de imparidade”.



O presidente da Petrobras também afirmou que, com o resultado, a empresa demonstra transparência em relação ao resgate de sua credibilidade. Ele também destacou, do lado positivo, o recuo da dívida líquida, a disciplina da empresa com as finanças e uma busca de eficiência “muito grande”.

Trimestre

No quarto trimestre do ano passado a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 36,94 bilhões, o maior da história da estatal e 41% superior às perdas de igual período de 2014.

No quarto trimestre do ano anterior, a companhia apurou prejuízo de R$ 26,6 bilhões, refletindo, em grande parte, a baixa contábil de R$ 44,3 bilhões por redução do valor recuperável dos ativos feita naquele ano.

Desta vez, o balanço da petroleira também refletiu fatores não recorrentes, como baixa de ativos, principalmente de exploração e produção, de R$ 46,39 bilhões. A baixa contábil é decorrente em sua maioria do declínio dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento

A receita da estatal somou R$ 85,1 bilhões, praticamente estável em comparação com a receita do quarto trimestre de 2014, de R$ 85 bilhões. O resultado foi pressionado pela forte queda no preço do barril do petróleo vista neste período. O número foi parcialmente compensado, contudo, pelo reajuste nos preços de combustíveis anunciado no fim de setembro.

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Petrobras somou R$ 17,06 bilhões no trimestre, baixa de 14,9% ante o resultado apurado no mesmo intervalo do ano anterior, de R$ 20 bilhões.

Analistas previam receita de R$ 86,1 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 18,6 bilhões.

Exploração e Produção

A área de Exploração e Produção (E&P) fechou o quarto trimestre de 2015 com prejuízo de R$ 24,567 bilhões, contra lucro de R$ 1,299 bilhão em igual período do ano anterior. No ano de 2015 o prejuízo foi de R$ 12,963 bilhões, contra lucro de R$ 32 bilhões no ano anterior.

Segundo a companhia, o prejuízo em 2015 decorreu dos menores preços de venda e transferência de petróleo e do impairment nos campos de produção no país e no exterior, em função da revisão de premissas de preço, decorrente da queda das projeções dos preços do petróleo no mercado internacional que ocasionaram redução nas reservas de óleo e gás e nos fluxos de caixa dos projetos, bem como pelo aumento da taxa de desconto e revisão geológica do reservatório de Papa-Terra.

Parte desses efeitos foi compensada pelo maior volume de petróleo transferido, devido ao aumento na produção.

Já o prejuízo no quarto trimestre foi fruto do impairment nos campos de produção no país e no exterior e da redução na receita de venda e transferência de petróleo ocasionados pelo declínio das cotações internacionais da commodity.

Abastecimento

A área de Abastecimento fechou o quarto trimestre do ano passado com lucro líquido de R$ 2,317 bilhões, contra um prejuízo de R$ 22,175 bilhões em igual período do ano passado. No ano, o lucro da área foi de R$ 18,034 bilhões, contra prejuízo de R$ 39,836 bilhões em 2014.

Segundo a companhia, a reversão do prejuízo no ano foi fruto dos menores custos com aquisição e transferência de petróleo devido à redução das cotações internacionais da commodity; às menores participações do óleo importado na carga processada e de derivados no mix das vendas; e aos reajustes de preços do diesel e da gasolina ocorridos em novembro de 2014 e setembro de 2015.

Esses fatores foram parcialmente compensados pela redução da demanda por derivados no mercado interno e pelo impairment no Complexo Petroquímico do Estado do Rio (Comperj).

Investimentos

A Petrobras investiu R$ 20,82 bilhões no quarto trimestre de 2015. No ano todo foram R$ 76,3 bilhões.

Os valores caíram na comparação com 2014, quando os investimentos no quarto trimestre somaram R$ 24,6 bilhões. Em todo 2014 os investimentos foram de R$ 87,14 bilhões.

Desde o ano passado, a companhia vem apresentando sucessivos cortes em seu Plano de Negócios e Gestão. Em janeiro, a Petrobras cortou os investimentos previstos para o período de 2015 a 2019 em 24,5% ou US$ 32 bilhões, para US$ 98,4 bilhões.

No seu plano de investimentos de 2014 a 2018, a companhia projetava investimentos da ordem de US$ 220 bilhões.

 



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