O vice-presidente Michel Temer, disse nesta terça-feira (26) que tentar antecipar as eleições presidenciais é uma tentativa de “golpe” já que não está previsto na Constituição Federal.
Temer afirmou que se isso ocorresse nos Estados Unidos “as pessoas ficariam coradas”, se referindo à vergonha que sentiriam.
O peemedebista disse ainda que, caso ele assuma o governo, pretende abrir um canal de diálogo com todos os partidos, incluindo os de oposição. Ele acrescentou que grupos de esquerda podem protestar caso ele assuma, “contanto que não infernizem a vida do país”.
Novas eleições
A presidente Dilma Rousseff já havia adiantado que, mesmo vencendo o julgamento de impeachment no Senado Federal, pode ser obrigada a aceitar a proposta de antecipar as eleições para este ano.
A estratégia do Partido dos Trabalhadores é tentar enfraquecer a administração de Temer e reforçar o discurso de que ele não tem legitimidade para assumir o cargo.
Jogo de interesse
Marina Silva e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se manifestaram favoravelmente à antecipação do pleito.
À época, vários parlamentares governistas chegaram a dizer que antecipar as eleições era uma forma de golpe, e o tucano Aécio Neves criticou a proposta, dizendo que ela apenas “fragilizaria” o impeachment de Dilma.
Marina voltou a tocar no assuno nesta semana: "Com o devido sentido de urgência, [o TSE] faz a cassação da chapa Dilma-Temer e convoca uma nova eleição ainda para este ano, com base inclusive na estrutura das eleições municipais que está completamente estabelecida".
O ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça Tarso Genro também é favorável à medida. Em entrevista, o petista afirmou que “seria muito melhor para o país convocar eleições", e que "certamente, jurista que ele [Michel Temer] é, ele vai reconhecer que sua legitimidade é escassa para terminar o mandato".
Analistas Políticos
Conforme o analista político Vicente Barone, a antecipação das eleições presidenciais poderiam favorecer Marina e Lula, uma vez que Lula ainda teria tempo para tentar novamente a presidência e, eventuamente em caso de vitória, conseguir o tão sonhado foro privilegiado. A imagem de Lula ainda não está tão desgastada e poderia galgar uma posição que o colocaria no segundo turno dessas novas eleições, fato que seria difícil de ocorrer em 2018, pois poderia estar preso até lá.
Marina Silva, da Rede, ex-petista e que mantêm ligada às bases mais de "esquerda". Tanto é verdade que abriga, em seu partido, ex-partidários do PT e de outras siglas mais 'a "esquerda" como o PSOL.
Outra vantagem que interessa a Marina seriam as últimas pesquisas do Datafolha, que para muitos, inclusive para Barone, não traduzem a verdade. Na pesquisa, Marina e Lula estariam à frente para novas eleições e disputariam um eventual segundo turno. A Folha de São Paulo já defedeu, abertamente, novas eleições e mostra-se alinhada com a Rede já a algum tempo e, mais recentemente, ao PT de Dilma e Lula.
"Nas redes sociais o Datafolha hoje é chamado de Datafalha", diz Barone. O Datahora, no caso das manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas, apresentou cálculos muito diderentes do Datafolha. Enquanto o instituto ligado à Folha de São Paulo apresentou números que colocariam 450 mil pessoas na av. Paulista, em São Paulo, o Datahora, ligado ao jornal @HORA, apresentoucálculos matemáticos que demonstram um número de participantes que chegariam a 2,43 milhões.
Para Barone a antecipação das eleições para ocorrerem ainda em 2016 seria um erro político que poderia trazer, ao país, um mergulho a um abismo econômico e social sem precedentes. "Um erro histórico e que megulhará o Brasil em uma era de trevas social, econômica e política", finaliza Barone.
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