O americano Richard Stallman já esteve várias vezes no Brasil para defender aquilo que ele mesmo considera sua religião, o software livre. Na última delas, semana passada, ministrou palestra em Brasília, em evento que fez parte da programação da Semana do Software Livre no Legislativo, promovida pelo Senado e a Câmara. No meio de sua exposição, vestiu a bata estrategicamente trazida em sua mochila e pôs na cabeça um disco de computador em forma de auréola: “Sou Santus Ignusius, da Igreja de E-Max. Eu abençôo o seu computador se você usa apenas o software livre”.
Parece brincadeira, mas, quando se trata de defender os programas abertos, Stallman beira a filosofia. “Não é por acaso que as maiores religiões da humanidade dizem há séculos que se deve ajudar o próximo. Não podemos tolerar instituições sociais que promovam o contrário”, afirmou, em referência às restrições feitas pelas empresas fabricantes de software proprietário. Em seu discurso, o programador também opinou sobre comércio internacional: “O Brasil deve rejeitar a Alca. Não há nada mais perigoso hoje. É a abolição da democracia”.
Educado em um dos maiores centros de excelência na tecnologia de ponta em todo o mundo, o Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, Massachussets Institute of Technology, Stallman negou-se a trabalhar para as grandes empresas de software proprietário e se tornou um dos criadores da Free Software Foundation, em 1986. A ong foi a base para o desenvolvimento do GNU, o sistema operacional ao qual se adicionou o kernel (uma das partes desse software que é a base para a operação de qualquer computador) conhecido como Linux, criado em 1992, pelo finlandês Linus Torvalds. A dupla GNU/Linux, que pode ser obtida gratuitamente pela Internet, tornou-se nos últimos anos a principal ameaça ao domínio absoluto do Windows, da Microsoft, sistema operacional empregado em 97% dos computadores pessoais de todo o mundo.
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