A confiança no primeiro-ministro britânico, Tony Blair, ficou fortemente abalada por causa da morte de um cientista que foi envolvido por uma disputa sobre a guerra do Iraque entre a rede BBC e o governo, mostrou na sexta-feira uma pesquisa de opinião.
O governo Blair tem enfrentado momentos difíceis com uma investigação sobre a morte de David Kelly. Na quinta-feira, o premiê compareceu diante da Justiça para dar um testemunho, que foi recebido com ambiguidade nos dois lados do Atlântico.
Apenas 22 por cento dos entrevistados pelo Daily Telegraph disseram que o governo havia sido honesto e confiável. A mesma pesquisa indicou que os Conservadores -- esmagados pelo Partido Trabalhista de Blair nas duas últimas eleições -- estavam dois pontos à frente.
Uma sondagem de 1998 apontava que 74 por cento dos eleitores confiavam no primeiro-ministro. O número agora caiu para 27 por cento.
Blair recebeu alguns elogios da imprensa britânica por sua participação no inquérito sobre a morte de Kelly, mas o jornal The Independent afirmou que ele "deixou muitas contradições e questões sem resposta".
Tais dúvidas foram repetidas nos Estados Unidos, que iniciaram em março a guerra no Iraque com apoio britânico.
O New York Times, avaliando a maneira pela qual o governo de Blair usou material de inteligência para justificar a guerra, disse que ele era "vivaz, mas não-convincente".
O analista político Anthony King, professor de governo da Essex University, observou que não havia vencedores neste assunto. "Estão aparecendo sinais de que a morte do doutor Kelly e as revelações da investigação causam danos significativos não apenas no governo de Tony Blair, mas em toda a classe política -- jornalistas, assim como políticos."
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