|
O anúncio da economia ficou sob a responsa-bilidade do porta-voz da Presidência da República, André Singer. O valor total calculado pelo governo foi definido com base na necessidade em economizar quase R$ 8,9 bilhões de encargos e gastos previdenciários e outros R$ 5,2 bilhões fundamentais para que o país garanta a nova meta de 4,25% de superávit primário.
Segundo Singer, o montante reservado para os encargos e para a Previdência Social surgiu devido a um erro de cálculo do governo anterior, que “subestimou” o total de recursos necessários para estes setores. “Houve um erro na apreciação dos gastos este ano. Houve uma subestimação, um equívoco importante”, disse Singer. Já os R$ 5,2 bilhões restantes foram alcançados devido ao aumento na meta do superávit. Singer explicou que para a antiga meta, de 3,75% do PIB, seriam necessários R$ 2 bilhões economizados. A nova meta exigiu o esforço de R$ 3,2 bilhões adicionais. Questionado se o erro de cálculo do antigo governo não foi notado pela equipe de transição, Singer disse que a falha não foi percebida. “Não houve registro de erro até o início deste governo”, assegurou.
O porta-voz ainda esclareceu que a medida não implicará necessariamente em cortes de gastos. Trata-se de uma decisão preventiva para garantir mais tranqüilidade ao cenário econômico. “É preciso adequar os gastos que existem. A diferença entre o que se gastava e agora se gastará é de R$ 14 bilhões”, disse.
Apesar do anúncio do “apertar de cintos”, o governo voltou a se comprometer com a manutenção dos programas sociais. A garantia veio do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, que disse em alto e bom som que os programas sociais estarão isentos de quaisquer cortes. “As restrições neste ano serão importantes, mas os programas sociais não sofrerão cortes. As dificuldades serão vencidas pela criatividade e gestão dos ministérios”, afirmou o porta-voz. A decisão de poupar a área social do contingencimento foi defendida pelo próprio presidente Lula. Durante a reunião, ele procurou manter o otimismo de sua equipe ao revelar que avalia que os primeiros 40 dias de seu mandato foram positivos para o país. “Ele julga que seu governo vai bem”, disse o porta-voz. A impressão de que o novo governo está na direção certa contagiou os ministros. Segundo o porta-voz, apesar de saberem que terão que abrir mão de alguns projetos, todos os ministros estão conscientes da necessidade de economizar para ajudar o país. “O conjunto de ministros está coeso e consensual em relação a não cortar gastos na área social”, disse.
Lula admitiu na reunião que o Brasil vive hoje um momento difícil, mas avaliou que “será possível seguir adiante”, porque o governo está procurando cumprir os seus compromissos de campanha dentro dos limites impostos diante dos panoramas econômicos interno e internacional.
|
