“Centralismo Democrático”

 

Opinião - 14/02/2003 - 10:36:26

 

“Centralismo Democrático”

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O que os radicais do PT não entendem, ou fingem não entender, é que todo governo é, em larga medida, prisioneiro das circunstâncias, até os governos revolucionários, como contou Élio Gaspari na sua história de 64. Eis que retorna triunfante o “centralismo democrático”, agora sob nova direção. O centralismo democrático foi durante décadas a cláusula pétrea dos partidos comunistas em todo o mundo e era através dele que se exercia o comando partidário e se mantinha sua férrea disciplina. É este o instrumento do qual se vale agora o PT para emparedar as suas dissidências internas que acusam o governo de adotar práticas neoliberais em sua política econômica e de ser tolerante com as oligarquias remanescentes, representadas pelos exponenciais senadores Antonio Carlos Magalhães, Ramez Tebet e José Sarney, este regiamente contemplado com a presidência do Senado Federal. Dizem os rebeldes petistas, em tom mais sarcástico que jocoso, que nada mais parecido com um tucano que um petista do poder. Exatamente como se dizia no Império dos dois partidos que se revezavam no poder - nada mais parecido com um luzia do que um saquarema no poder (era então como se chamavam os liberais e conservadores). O que os radicais rebeldes do partido obreiro não entendem, ou fingem não entender, é que todo e qualquer governo (muitas vezes até mesmo os governos revolucionários - leia-se A Revolução Envergonhada, de Élio Gaspari) é, em larga medida, prisioneiro das circunstâncias. E não está sendo diferente com o PT e nem poderia sê-lo. Governar é “conviver com o imperfeito, desprezando a perfeição”, como na letra (profética) da música do atual ministro da Cultura, o baiano Gilberto Gil. Os puristas do PT se recusam a “comer a maçã”, ou por que julgam que degustá-la significaria a irremediável contaminação do pecado original, ou por que julgam que protegidos pelo cordão sanitária da pureza ideológica estariam municiados para outras batalhas políticas, se o governo Lula fracassar. Guardariam forças e legitimidade para, nesta hipótese, poderem, mais na frente, sonorizar o clássico “eu não disse?”, ou então o nosso conhecido “bem que te avisei”. Seja como for, a senadora Heloísa Helena e seus seguidores, como os deputados Babá (ou seria Baba?) e Dr. Rosinha (o mais recente escudo humano de Saddam, o que tem tirado o sono dos ocupantes do Pentágono), não se detiveram no conselho de Max Weber, que ensinava que quem quiser encontrar o caminho da salvação não deve percorrer as avenidas da política. O deputado José Genoíno, presidente do PT, aponta duas alternativas para os rebeldes do seu partido: o cômico Prona ou o insano PSTU. Ou então o servil enquadramento.

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