O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, participará nesta segunda-feira, às 10 horas, da última reunião da Câmara Temática de Negociações Agrícolas Internacionais antes da 5ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que acontece dos dias 10 a 14, em Cancún, México. O encontro, que ocorrerá na sede da Delegacia Federal da Agricultura de São Paulo, analisará a agenda agrícola de negociações proposta pelo Conselho-Geral da OMC e discutirá o posicionamento brasileiro sobre o tema.
“Há uma perigosa sombra sobre Cancún e seria muito interessante se tivéssemos uma abertura comercial clara”, disse o ministro, referindo-se à rejeição dos países-membros da OMC aos textos preparatórios sobre agricultura apresentados por Estados Unidos e União Européia, Brasil e outros 19 países, além do relatório do diplomata uruguaio Carlos Pérez del Castillo.
“Como há um sinal de que não haverá um acordo agrícola, as discussões sobre os demais temas também deverão sofrer prejuízos”, prevê Rodrigues, lembrando que as negociações da OMC têm que ser feitas por consenso entre os países-membros. Apesar das intensas divergências, o ministro afirma que continuará a insistir na negociação e a defender a proposta brasileira. “Se Cancún não evoluir, não significa que acabou a rodada de Doha, iniciada em 2001. Ela será preservada de qualquer forma”.
Até a semana passada, esperava-se que a proposta do Brasil, apoiada por outros 19 países – entre eles China, Índia, África do Sul, Argentina e México – seria uma alternativa ao acordo EUA-UE para balizar as negociações em Cancún. Na última segunda-feira, porém, Pérez del Castilho apresentou uma terceira proposta, rechaçada pelos países em desenvolvimento, que excluía das discussões o acesso a mercados, os subsídios às exportações e os apoios internos aos agricultores. Com isso, seguiu o impasse, já que os outros dois documentos sofreram restrições.
Segundo Rodrigues, o texto de Pérez del Castilho estava muito próximo dos termos da proposta de acordo entre o Mercosul e a União Européia. “Há pontos aceitáveis, mas não é o ideal para nós. Não é um documento que gostaríamos de apoiar”.
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