Refletindo a política monetária apertada, a inflação brasileira em 2003 deverá ficar bastante abaixo da taxa do ano passado, segundo nova previsão do mercado, que também cortou a estimativa para o crescimento do PIB.
A mediana das estimativas de quase 100 instituições financeiras para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2003 caiu pela 13a semana consecutiva, de 9,63 por cento na semana passada para 9,57 por cento, mostrou uma sondagem do Banco Central (BC) nesta segunda-feira.
A nova projeção está mais próxima da meta de inflação do governo de 8,5 por cento para o ano e continua abaixo da previsão de 10,2 por cento do BC. Em 2002, a taxa de inflação atingiu 12,5 por cento, a maior desde 1995.
A pesquisa mostrou ainda que as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano voltaram a cair, de 1,40 para 1,36 por cento. Para 2004, foi mantida a expectativa de que a economia cresça 3 por cento.
A revisão do crescimento ocorre alguns dias após dados mostrarem que a economia brasileira entrou em recessão técnica no segundo trimestre, ao registrar dois trimestres consecutivos de queda do PIB.
Muitos analistas disseram à Reuters logo após a divulgação dos dados do PIB que irão revisar para baixo suas estimativas para o ano, para um número próximo de 1 por cento. Isso sugere que o prognóstico da sondagem do BC pode cair abaixo de 1,36 por cento.
Essas previsões apontam para uma performance econômica pior que a do ano passado --de 1,5 por cento-- quando a economia foi abatida por vários problemas, como a escalada do dólar e as incertezas com o processo eleitoral.
Tanto as melhores perspectivas inflacionárias como o pessimismo com o crescimento refletem a política monetária apertada que o governo adotou desde o final do ano passado. O BC iniciou a queda dos juros, que atingiram um pico de 26,5 por cento, em junho deste ano.
SELIC MENOR
O relatório do BC mostrou ainda uma queda na expectativa para a taxa Selic --atualmente em 22 por cento-- no final deste ano, de 19 por cento na semana passada para 18,08.
Para o fim de 2004, as instituições revisaram para baixo sua previsão para a taxa de juros de 15,50 para 15,0 por cento ao ano.
Para o IPCA de 2004, as expectativas mantiveram-se em 6,2 por cento e para a inflação nos próximos 12 meses, foram reduzidas levemente, de 6,3 para 6,25 por cento.
As instituições vêem uma inflação de 0,35 por cento em agosto, abaixo da projeção de 0,40 por cento feita na semana anterior.
A taxa deve acelerar em setembro, para 0,50 por cento, o mesmo número previsto no relatório anterior.
As expectativas para a taxa de câmbio no final de 2003 e de 2004 ficaram estáveis em, respectivamente, 3,15 e 3,40 reais.
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