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Enquanto a guerra contra o Iraque não acontece é bastante oportuno o que dizem dois especialistas, os jornalistas Toni Marques e Maria Luiza Abott, em artigo publicado em “O Globo”.
Ao contrário da última guerra do Golfo quando os gastos na preparação do ataque ao Iraque ajudaram a obter um modestíssimo crescimento de 0,1% (ou U$ 10 bilhões) no Produto Interno Bruto (PIB) americano, desta vez o resultado para economia seria desastroso.
Se o conflito ocorrer, como desejam os falcões americanos, e se ele for mais demorado do que supõem os estrategistas (imaginam um tempo de poucas semanas), o consumidor americano pode se retrair e empurrar o mundo para uma grande recessão.
A primeira conseqüência seria, é claro, uma disparada no preço do petróleo que poderia chegar a mais de U$ 40 o barril. Aliás, um professor de Yale, William Nordhaus, diz que o efeito psicológico negativo já aconteceu, antes mesmo do desfecho da preparação bélica que o mundo inteiro aguarda aflito.
Desde o início do ano passado, o valor médio das ações negociadas no mercado financeiro americano já estão 25% mais baixo e o índice de confiança do consumidor está no patamar mais baixo nestes últimos 10 anos. Em um cenário de uma guerra mais demorada (oito ou mais meses) o custo dela para o contribuinte americano será, segundo os cálculos dos economistas de Yale, de perto de U$ 2 trilhões(!) ou praticamente 20% do PIB do país. Dispensável concluir que o efeito macroeconômico seria catastrófico.
Apenas alguns poucos países poderiam sair ganhando com o conflito, entre eles principalmente a Rússia, grande produtora e exportadora de petróleo e que está longe da área do possível conflito (poderiam se beneficiar também a Venezuela, México e a Indonésia pelas mesmas razões). Mas em seu conjunto, a economia mundial seria afetada por uma perversa recessão e nós, latino-americanos, em escala de grande risco, pois os fluxos de recursos para países que necessitam de financiamento externo seriam interrompidos.
Investimentos só em ativos seguros como ouro e metais preciosos, que por sinal estão com os preços mais altos nos últimos seis anos. Enfim, estamos todos dependentes do consumidor americano. Se ele não for às compras, é certo que vamos amargar uma dolorosa recessão. Também é a opinião do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca.
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