Santo André, 21 de agosto de 2018 - Um dos maiores defensores dos direitos da criança e do adolescente no Brasil, o desembargador Antonio Carlos Malheiros, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, esteve no Centro de Formação de Professores Clarice Lispector, em Santo André, para falar sobre o tema “ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), álcool e drogas”. A palestra foi realizada na noite da última segunda-feira (20) e reuniu cerca de 250 pessoas, a grande maioria de professores, contou com a presença do vice-prefeito Luiz Zacarias e da secretária de Educação, Dinah Zekcer.
“A criança é indefesa e suscetível a diversas situações que podem provocar sofrimento. Evitar que isso aconteça está entre as nossas obrigações. Por isso é importante que estejamos aqui hoje para falar sobre esses assuntos que tanto sofrimento trazem às crianças, como a droga, o álcool, a violência e o trabalho infantil, e discutir maneiras de contribuir e trabalhar para que as crianças possam ter um futuro melhor”, frisou a secretária de Educação, Dinah Zekcer
Para o vice-prefeito Luiz Zacarias, a palestra possibilitou aos educadores da rede adquirir mais informações sobre esse tema tão importante. “A gente às vezes acha que sabe tudo sobre esse assunto, mas não é verdade. É essencial sempre saber mais porque é preciso ter conteúdo e conhecimento para poder trabalhar nas escolas, onde situações de desrespeito às crianças não são raras, e atuar no foco do problema”, comentou. Segundo Zacarias, professores são formadores de opinião e ao trabalharem direto com as crianças, com os pais e os jovens, podem aconselhar, orientar estas pessoas desde o começo, para mudar uma realidade. “É um trabalho árduo, mas muito importante para as crianças”, acrescentou.
A importância de persistir apesar da dificuldade foi uma das principais mensagens deixadas por Malheiros durante o evento. “Se perceberem que há um problema com a criança ou a família, vão atrás, procurem ajudar. Nunca desistam de um aluno”, frisou. O desembargador acrescentou que muitas vezes é difícil lidar com a situação e os familiares podem ter reações desagradáveis. “Muitas vezes isso é o próprio efeito da droga ou do álcool, ou de toda a situação em que se encontra a família”.
Formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Malheiros impressionou o público ao falar das experiências adquiridas durante anos de trabalho combatendo questões de vulnerabilidade social, iniciado na década de 70, e com sua defesa ferrenha do ECA, o qual considera uma as melhores leis do Brasil. “As crianças são nosso futuro. Se não cuidarmos deles como merecem, nós perderemos o nosso futuro. A Constituição Federal e o ECA são absolutamente claros quando dizem que as crianças e adolescentes têm prioridade absoluta. São normas e princípios poderosos, decisivos, mas a gente percebe que todo dia isso não é exatamente verdade. É preciso implementar educação de primeira qualidade, com saúde pública de qualidade, lazer e segurança. Todo o resto, a gente precisava fazer cessar, para então poder ter um futuro”, frisou.
Para a professora Fabiana Morgado, atualmente coordenadora da Educação Física Escolar, o depoimento de Antonio Carlos Malheiros marcou porque foi mais do que uma palestra, foi um relato de experiências pessoais que trouxe grande carga de sensibilidade. “Cheguei achando que assistiria uma palestra sobre leis, e encontrei uma história que destacou a importância do lado humano na questão relacionada à pessoa envolvida no problema de álcool e drogas. As histórias ampliaram muito a minha visão sobre o problema e me fizeram repensar o meu papel como professora. Escutar o outro é importante, assim como acolher. É preciso estar com as portas da sensibilidade abertas, ele ensinou”, disse Fabiana.
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