O ministro das Relações Exteriores de Israel, Silvan Shalom, disse que o gabinete de governo, reunido emergencialmente na quinta-feira depois de dois atentados suicidas, deveria ignorar as objeções dos Estados Unidos e expulsar o presidente palestino, Yasser Arafat, dos territórios ocupados.
"Estamos agora em uma situação na qual, se pedirmos autorização (dos norte-americanos), não a conseguiríamos", afirmou Shalom em uma entrevista à Rádio do Exército.
"Mas, às vezes, há situações em que temos de tomar decisões sem levar em conta as pressões externas."
Em um sinal de que pretende apertar o cerco a Arafat, o Exército de Israel ocupou um prédio da Autoridade Palestina que fica perto do complexo no qual trabalha o presidente, na cidade de Ramallah (Cisjordânia).
Um porta-voz dos militares afirmou que o local era um dos vários tomados na região para "evitar que Arafat tenha contato com grupos terroristas".
O líder palestino, 74, confinado há dois anos pelos bloqueios israelenses erguidos ao redor do complexo de governo, nega as acusações feitas por Israel e pelos EUA de que encoraje os atos de violência.
O primeiro-ministro do Estado judaico, Ariel Sharon, que interrompeu sua viagem à Índia depois de 15 israelenses terem sido mortos nos atentados suicidas realizados em Jerusalém e perto de Tel Aviv na terça-feira, preparava-se para consultar seu gabinete de segurança para adotar novas medidas contra os palestinos.
Vários integrantes do gabinete de segurança disseram que levantariam a questão da expulsão de Arafat na reunião de quinta-feira. Shalom não soube dizer se uma decisão definitiva sobre a proposta seria adotada já nessa reunião.
Na quarta-feira, um avião de Israel não conseguiu assassinar Mahmoud Al Zahar, um líder do Hamas, mas matou o filho e um guarda-costas dele ao jogar um míssil contra a casa do militante, em Gaza. O Hamas assumiu a responsabilidade pelos dois atentados.
NOVO GOVERNO PALESTINO
Em meio à violência, o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Qurie, disse ter aceitado o convite de Arafat para se tornar primeiro-ministro no lugar de Mahmoud Abbas, um político moderado que renunciou no sábado.
"Acho que esse governo será formado hoje. Não terá mais que dez membros", disse Yasser Abed Rabbo, membro da comissão executiva da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Políticos palestinos disseram que o novo governo pode ser aprovado pelo Parlamento já no domingo.
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