Copom eleva juros básicos da economia para 3,5% ao ano

 

Economia - 05/05/2021 - 20:30:34

 

Copom eleva juros básicos da economia para 3,5% ao ano

 

Da Redação com Abr

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Para CNI e Fiesp, alta da Selic atrasa recuperação econômica

Para CNI e Fiesp, alta da Selic atrasa recuperação econômica

Em meio ao aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia, o Banco Central (BC) subiu os juros básicos da economia em 0,75 ponto percentual pela segunda vez consecutiva. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 2,75% para 3,5% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.

Em comunicado, o Banco Central indicou que deve elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em 15 e 16 de junho. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude. O Copom ressalta que essa visão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", destacou o texto.

Pela primeira vez, o Copom destacou que leva em conta a "suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego" em suas decisões, desde que o estímulo para o crescimento econômico não comprometa a estabilidade dos preços. A novidade está relacionada à nova lei de autonomia do BC, que estabelece o controle da inflação como objetivo principal do órgão, seguido da manutenção do crescimento econômico e do emprego como objetivos secundários.

Com a decisão de hoje (5), a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano, em março de 2018.

Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em março, o indicador fechou no maior nível para o mês desde 2015 e acumula 6,1% no acumulado de 12 meses, pressionado pelo dólar e pela alta dos combustíveis e do gás de cozinha.

O valor está acima do teto da meta de inflação. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tinha fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 5,25% neste ano nem ficar abaixo de 2,25%.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 5% no cenário base. Esse cenário considera um eventual estouro do teto da meta de inflação no primeiro semestre, seguido de queda dos índices no segundo semestre.

A projeção está em linha com as previsões do mercado. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,04%. A projeção oficial só será atualizada no próximo Relatório de Inflação, no fim de junho

Crédito mais caro

A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 3,6% para a economia em 2021, decorrente da segunda onda da pandemia de covid-19.

O mercado projeta crescimento menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 3,14% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Alta da Selic terá pequeno impacto sobre juros finais, diz Anefac

A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 3,6% para a economia em 2021, decorrente da segunda onda da pandemia de covid-19.

O mercado projeta crescimento menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 3,14% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

 

A elevação da taxa Selic (juros básicos da economia), decidida hoje (5) pelo Banco Central, terá impacto pequeno sobre as taxas cobradas dos consumidores e das empresas, avalia a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo a entidade, existe uma diferença muito grande entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo, o que dilui o impacto na ponta final.

Segundo a Anefac, o juro médio para as pessoas físicas passará de 95,34% para 96,67% ao ano. Para as pessoas jurídicas, a taxa média sairá de 42,85% para 43,85% ao ano. A Selic passou de 2,75% para 3,5% ao ano.

Apesar do impacto pequeno nas taxas médias, os consumidores e as empresas gastarão mais para contratarem linhas de crédito, conforme as simulações detalhadas da entidade. No financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil em 12 prestações, por exemplo, o comprador desembolsará R$ 6,82 a mais com a nova taxa Selic. O cliente que entra no cheque especial em R$ 1 mil por 20 dias pagará R$ 0,40 a mais.

Na utilização de R$ 3 mil do rotativo do cartão de crédito por 30 dias, o cliente gastará R$ 1,80 a mais. Um empréstimo pessoal de R$ 5 mil por 12 meses cobrará R$ 21,79 a mais após o pagamento da última parcela. Caso seja feita em financeira, a operação sairá R$ 14,25 mais cara. No financiamento de um automóvel de R$ 40 mil por 60 meses, o comprador pagará R$ 15,56 a mais por parcela e R$ 933,50 a mais no total da operação.

Em relação às pessoas jurídicas, as empresas pagarão R$ 92,06 a mais por um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil por 90 dias, R$ 36,95 pelo desconto de R$ 20 mil em duplicatas por 90 dias e apenas R$ 4 a mais pela utilização de conta garantida no valor de R$ 10 mil por 20 dias.

Entidades do setor produtivo criticam aumento de juros

O aumento de 0,75 ponto percentual da taxa Selic (juros básicos da economia), para 3,5%, ao ano recebeu críticas de entidades do setor produtivo. Segundo elas, a alta da inflação é temporária, e o governo deveria estar estimulando o crédito, principalmente num momento de agravamento da pandemia de covid-19.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou de “equivocada” a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de reajustar a Selic. Na avaliação da entidade, a atividade econômica, que vinha se recuperando no início do ano, voltou a desacelerar por causa da segunda onda de casos de covid-19, com a atividade industrial caindo 3,4% em março na comparação com fevereiro.

“O setor produtivo ainda sofre com os efeitos negativos ocasionados pela pandemia. Nesse momento, as medidas deveriam ser para estimular o crédito para consumidores e para empresas, no entanto, esse segundo aumento da Selic, de forma bastante expressiva, aumenta o custo do financiamento e não contribui para a retomada da economia”, destacou, em nota, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também criticou o novo aumento de juros. A entidade ressaltou que existem setores como os serviços que continuam vulneráveis por causa das recentes medidas restritivas tomadas por vários estados e que precisariam de juros mais baixos neste momento.

“Neste cenário, a subida de juros promovida pelo Banco Central eleva a incerteza e pode intensificar os impactos negativos do fechamento de atividades econômicas, além de prejudicar a retomada do emprego verificada nos últimos meses”, informou a Fiesp.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou o aumento em 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros Selic como compatível com o cenário econômico atual. O aumento não surpreendeu, diz nota à imprensa da instituição.

“A despeito dos sinais de uma recuperação da atividade mais lenta, diante da situação da pandemia e do lento processo de imunização, o cenário fiscal e a escassez de insumos têm contribuído para o aumento das expectativas de inflação”, analisou a Firjan.

A entidade esclarece que no contexto de incerteza, devem ser prioridades medidas estruturais que retomem a confiança do empresário e alavanquem a economia. “É preciso avançar com urgência na discussão sobre reformas que levem a um cenário fiscal menos nebuloso, mitigando a desconfiança do investidor e contribuindo para que o país supere a crise gerada pela covid-19”, sinalizou a Firjan.

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